(Reuters) - Mianmar se viu diante de um isolamento crescente nesta quinta-feira, já que os serviços de internet estão cada vez mais limitados e o último jornal particular do país deixou de publicar enquanto os militares preparam um processo contra a líder eleita deposta Aung San Suu Kyi.
Premiada com o Nobel da Paz, Suu Kyi foi deposta e detida no golpe de 1º de fevereiro, o que desencadeou protestos em massa em todo o país que forças de segurança mostram dificuldade em suprimir, mesmo com métodos cada vez mais violentos.
O total documentado dos mortos nos tumultos está em 217, mas o número real provavelmente é muito maior, disse a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos (AAPP).
Países ocidentais repudiam o golpe e pedem o fim da violência e a libertação de Suu Kyi e outros. Vizinhos asiáticos se ofereceram para ajudar a encontrar uma solução, mas os militares têm um longo histórico de rejeição às pressões externas.
Grande parte de uma economia já abalada pelo novo coronavírus está paralisada pelos protestos e uma campanha paralela de greves de desobediência civil contra o controle militar, enquanto muitos investidores estrangeiros estão reavaliando seus planos.
A agência de alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta semana que os preços crescentes da comida e dos combustíveis podem minar a capacidade das famílias pobres de se alimentarem.
"Aconteça o que acontecer em Mianmar nos próximos meses, a economia desmoronará, deixando dezenas de milhões em apuros e necessitados de proteção urgente", disse o historiador e escritor Thant Myint-U no Twitter.
Enquanto as forças de segurança se concentram em conter a dissidência em Yangon e outras cidades, manifestações pequenas acontecem em outras partes a cada dia.
Vários milhares de pessoas marcharam em Natmauk nesta quinta-feira, noticiou a Voz Democrática de Burma. A cidade central é o berço de Aung San, líder da campanha de independência do Reino Unido e pai de Suu Kyi.
Cerca de mil manifestantes em motos circularam pela cidade central de Taungoo, e centenas marcharam em Hpakant, cidade mineradora do norte, relatou o serviço de notícias Irrawaddy.
Não surgiram relatos de violência.
O escritório de direitos humanos da ONU em Genebra disse nesta semana que relatos "profundamente perturbadores" de tortura de pessoas sob custódia emergiram em Mianmar. Um porta-voz da junta não respondeu a telefonemas pedindo comentários.
(Da redação da Reuters)