Por Thu Thu Aung e Sam Aung Moon
YANGON (Reuters) - Mianmar tem adotado medidas para proteger os muçulmanos rohingyas, disse nesta sexta-feira um porta-voz do partido no poder, minimizando uma determinação da Corte Internacional de Justiça no dia anterior para que o país impeça atos genocidas contra a minoria étnica.
O tribunal de Haia ordenou que Mianmar proteja os perseguidos rohingyas de mais atrocidades e preserve evidências de supostos crimes, depois que Gâmbia, de maioria muçulmana, abriu um processo em novembro acusando Mianmar de genocídio.
"O governo já está cumprindo a maioria das ordens", disse Myo Nyunt, porta-voz da Liga Nacional pela Democracia, à Reuters, por telefone, sem dar detalhes.
"Mais uma coisa que precisamos fazer é enviar relatórios", afirmou ele, referindo-se a uma das várias medidas aprovadas pelo tribunal, exigindo que Mianmar escreva resumos regulares de seu progresso.
Mas ele disse que o governo civil, que comanda o país em conjunto com os militares em um embaraço constitucional que garante grandes poderes para o comandante em chefe, não pode controlar as tropas.
"Nas atuais circunstâncias políticas, temos dificuldades em resolver algumas questões - como a ordem em que o governo deve garantir que seus militares ou insurgentes armados não cometam genocídio ou tentem cometer genocídio contra rohingya ou bengali", declarou ele.
Mais de 730.000 rohingyas fugiram do Estado de Rakhine, oeste do país, para Bangladesh em 2017, para escapar de uma repressão liderada por militares que a ONU disse ter sido executada com intenção genocida. Mianmar alega que a campanha militar foi uma operação legítima de contra-insurgência lançada em resposta a ataques militantes contra forças de segurança.
Cerca de 600.000 rohingyas permanecem dentro de Mianmar, confinados em condições semelhantes ao apartheid em campos e aldeias, incapazes de acessar livremente a saúde e a educação.