Por Jose Luis Gonzalez
CIUDAD JUAREZ, México (Reuters) - A bola voa. O adolescente corre e cabeceia direto para a rede. "Gooool!", a equipe guatemalteca comemora ao somar mais um ponto contra os colombianos.
Estas não são as seleções nacionais, no entanto. Os jogadores são migrantes desses países que estão em um abrigo na cidade de Juárez, na fronteira norte do México, aguardando agendamento para solicitar asilo nos Estados Unidos.
"Temos oito países aqui hoje", disse Santiago Gonzalez, diretor do abrigo para migrantes Kiki Romero. "Quase todas as noites nós víamos jogos no abrigo, então quando propusemos (um torneio), eles ficaram muito animados."
Quase 50 migrantes compareceram ao primeiro torneio, organizado pelo instituto esportivo local e autoridades de direitos humanos, mas Gonzalez disse que os grupos querem mais.
"É claro que foi difícil preencher os times de alguns dos países que não são torcedores fanáticos por futebol, como Cuba e Peru", disse Gonzalez. "Então a Venezuela nos emprestou algumas pessoas, já que são tantas", acrescentou, rindo.
O futebol oferece um respiro necessário para esses migrantes, muitos dos quais enfrentaram condições perigosas e longas jornadas para chegar à fronteira EUA-México.
Eles estão aguardando seus compromissos marcados através do aplicativo CBP One do governo dos EUA, lançado em janeiro e com problemas de alta demanda e falhas frequentes.
"É muito bom estar aqui se divertindo, esvaziando a cabeça de tudo e desabafando", disse o venezuelano Anderson Garcia, que jogou pelo Peru.
Agitando suas camisas no ar, cantando e esguichando água, a seleção venezuelana comemorou a vitória com um enorme troféu.
Com os cabelos grudados no rosto, José Alejandro Colina exibiu um sorriso cansado.
"Estou tão feliz agora", disse ele. "Esta foi uma ótima oportunidade para me distrair um pouco, para quebrar a rotina."
(Reportagem de José Luis Gonzalez para Reuters TV)