Por Lamine Chikhi e Hamid Ould Ahmed
ARGEL (Reuters) - Milhares de manifestantes rejeitaram nesta terça-feira o presidente interino da Argélia escolhido pelo Parlamento após a renúncia de Abdelaziz Bouteflika, exigindo uma mudança radical depois de décadas de domínio do círculo íntimo do líder adoecido.
A indicação do presidente da Câmara Alta, Abdelkader Bensalah, obedece à Constituição argelina, mas muitas pessoas se opõem a ele por ser parte de uma casta governante que controla o país desde a independência da França em 1962.
A escolha de Bensalah revoltou muitos, e os protestos aumentaram no centro de Argel.
"Indicar Bensalah alimentará a revolta e pode radicalizar os manifestantes", opinou o taxista Hassen Rahmine.
A grande questão é como os poderosos militares da Argélia – vistos há muito tempo como elementos altamente eficazes nos bastidores da política – reagirão à indicação de Bensalah e a qualquer oposição que surja.
"Agradeço ao Exército e a todas as forças de segurança por seu trabalho", disse Bensalah.
O general do Estado-Maior do Exército, Gaid Salah, administrou cuidadosamente a saída de Bouteflika, ocorrida depois de seis semanas de manifestações geralmente pacíficas.
Salah expressou apoio aos manifestantes, que querem se livrar de todos os resquícios de um sistema que privilegiou figuras do partido governista, do Exército, grandes empresários e líderes sindicais que ajudaram Bouteflika a permanecer no poder durante 20 anos.
(Reportagem adicional de Aziz El Yaakoubi em Dubai)