Por Luis Jaime Acosta
BOGOTÁ (Reuters) - Centenas de milhares de pessoas convocadas por sindicatos e estudantes marcharam nesta quinta-feira pelas ruas das principais cidades da Colômbia para protestar contra a política econômica e social do presidente Iván Duque, em um dia marcado por bloqueios de vias e atos de vandalismo.
O governo, que enfrentou o maior protesto desde sua chegada ao poder em agosto de 2018, tinha alertado sobre possíveis atos de violência e distúrbios como os que aconteceram recentemente no Equador, no Chile e na Bolívia.
"É o sentimento do povo nacional, que está farto da injustiça social. Estão matando nossos líderes sociais, nossa identidade cultural, o povo indígena está em risco e as reformas econômicas e trabalhistas do governo não favorecem o povo colombiano", disse à Reuters Patricia Riaño, uma professora que participou da manifestação em Bogotá.
Duque, que tem baixos índices de aprovação e não conseguiu consolidar uma coalizão no Congresso para fazer avançar suas reformas 15 meses depois de assumir a presidência, negou os planos para aumentar a idade de aposentadoria ou a contribuição dos trabalhadores para terem acesso a seus direitos.
Ele também desmentiu uma possível redução do salário mínimo e que os jovens receberão uma remuneração abaixo da estipulada pela lei do país, mas, ainda assim, não conseguiu evitar os protestos.
As mobilizações causaram o bloqueio de alguns terminais de ônibus em Bogotá, que foram alvo de ataques de encapuzados. Enquanto isso, na parte noroeste da cidade houve enfrentamentos entre manifestantes e polícia, que lançou bombas de gás para dispersar a multidão.
Em Cali, terceira maior cidade da Colômbia, com mais de 2,4 milhões de pessoas, encapuzados depredaram ônibus e vários terminais de passageiros em ataques que deixaram 23 policiais feridos, informou a polícia.
O prefeito de Cali decretou toque de recolher a partir das sete horas da noite para evitar novos atos de vandalismo.
O diretor da Polícia Nacional, general Óscar Atehortúa, disse que os protestos reuniram 270 mil pessoas e que 10 pessoas foram presas e 22 foram detidas. No total, 28 policiais e oito civis ficaram feridos nos protestos no país, afirmou.
O presidente da Central Única de Trabalhadores, Diógenes Orjuela, afirmou que as manifestações tiveram motivações que vão além do impacto das reformas promovidas pelo atual governo.
"Há muitos acordos descumpridos com indígenas, com os professores, com os funcionários públicos...", afirmou à Reuters o dirigente sindical.
(Reportagem adicional de Carlos Vargas, Andrés Rojas e Daniel Muñoz)