Por Felix Tam e Greg Torode
HONG KONG (Reuters) - Milhares de servidores públicos de Hong Kong protestaram na noite desta sexta-feira (horário local) em apoio a manifestantes e exortaram as autoridades a restaurarem a confiança no governo em meio à escalada de protestos que abalam o polo financeiro asiático.
Foi a primeira vez que funcionários do governo realizaram uma manifestação em Hong Kong. Os servidores se juntaram pacificamente a manifestantes no centro do distrito comercial, muitos com máscaras negras para ocultar a identidade.
Entoando gritos de encorajamento ao movimento, as multidões tomaram grandes ruas, interditando-as e interrompendo o tráfego local.
"Acho que o governo deveria responder às exigências, ao invés de empurrar a polícia para a linha de frente como escudo", disse Kathy Yip, funcionária do governo de 26 anos.
A polícia disse ter prendido oito pessoas, incluindo um destacado líder pró-independência, depois de apreender armas e supostos materiais para a fabricação de bombas em uma operação.
Uma onda de protestos está planejada para este final de semana em Hong Kong, além de uma greve maciça de setores como transporte, escolas e setor privado na segunda-feira que pode travar a cidade.
Os protestos em Hong Kong, uma ex-colônia britânica que foi devolvida à China em 1997, representam um dos desafios populares mais sérios aos líderes do Partido Comunista em Pequim.
As manifestações contra um projeto de lei de extradição agora suspenso, que permitiria que pessoas fossem enviadas à China para serem julgadas em tribunais controlados pelo Partido Comunista, passaram a incluir exigências de mais democracia e a renúncia da líder de Hong Kong, Carrie Lam.
Mesmo submetida ao governo chinês, Hong Kong recebeu permissão para manter amplas liberdades, como um Judiciário independente, mas muitos moradores veem o projeto de lei de extradição como o passo mais recente de uma marcha implacável rumo ao controle continental.
"No momento, o povo de Hong Kong já está à beira do colapso", disse um grupo de servidores públicos em uma carta aberta a Carrie Lam.
O grupo pediu que a líder do governo local reaja positivamente a cinco exigências públicas: a retirada total do projeto de lei de extradição, o fim das descrições dos protestos como "rebelião", o descarte das acusações contra os que foram presos, um inquérito independente e a retomada da reforma política.