Por Luc Cohen e Angus Berwick
CARACAS (Reuters) - Milhares de manifestantes protestaram na Venezuela nesta quarta-feira para tentar forçar o presidente socialista Nicolás Maduro a deixar o poder enquanto crescem as tensões entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o impasse político no país membro da Opep.
O líder opositor Juan Guaidó pediu "a maior marcha" da história da Venezuela e havia na véspera pedido que os militares o apoiassem, mas a liderança das forças armadas até agora permanece leal a Maduro, que está no poder desde 2013.
"Se o regime pensou que havíamos chegado à pressão máxima, eles não podem nem imaginar", disse Guaidó a milhares de apoiadores em Caracas. "Precisamos continuar nas ruas".
Sob sol escaldante, manifestantes bateram tambores e levaram bandeiras venezuelanas pedindo "liberdade". Em outro local em Caracas manifestantes com os rostos cobertos com camisetas, atiraram projéteis de uma passarela em oficiais da Guarda Nacional que estavam abaixo. Os militares responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
A oposição venezuelana já promoveu uma série de protestos de rua contra Maduro, mas fracassou em tirá-lo do poder, apesar da profunda recessão econômica e da hiperinflação.
Guaidó - que dirige a Assembleia Nacional, liderada pela oposição - é reconhecido como presidente legítimo da Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia e Brasil, entre outros, mas Maduro é apoiado por Rússia, China e Cuba.
As disputas crescentes colocam a Venezuela no centro de tensões geopolíticas globais, com EUA e Rússia trocando acusações de intervenção nos assuntos internos da Venezuela.
TENSÃO RÚSSIA-EUA
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sanções sobre o governo Maduro e não descarta intervenção militar no país, embora diga preferir uma transição pacífica.
"Ações militares são possíveis. Se for necessário, é isso que os Estados Unidos irão fazer", disse o Secretário de Estado, Mike Pompeo, na Fox Business Network.
O Pentágono pareceu minimizar quaisquer preparações ativas para intervir diretamente na Venezuela, mas reconheceu que faz planejamentos detalhados de contingências.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse a Pompeo por telefone nesta quarta-feira que mais "passos agressivos" na Venezuela podem resultar em graves consequências.
Lavrov classificou a "interferência" dos EUA nos assuntos internos da Venezuela como quebra de leis internacionais.
Em resposta, os EUA também acusaram Moscou de interferirem no país, que é um aliado da Rússia desde a época do antecessor e mentor de Maduro, o falecido presidente Hugo Chávez.