CARACAS (Reuters) - O chefe legislativo venezuelano Juan Guaidó entrou na terça-feira no palácio do Congresso após um tenso impasse com forças de segurança, depois que o governista Partido Socialista instalou no domingo uma liderança parlamentar rival.
Guaidó tinha prometido tentar presidir a sessão de terça-feira de qualquer maneira. Imagens da TV local mostraram o líder de oposição discutindo por meia hora com agentes que bloqueavam a entrada do prédio legislativo, mas acabaram permitindo que ele e alguns parlamentares aliados passassem.
Mas dentro, uma breve sessão liderada por Luis Parra --que foi empossado por aliados do presidente Nicolás Maduro como chefe do Parlamento no domingo-- já havia sido encerrada, segundo testemunhas da Reuters.
Parra, que foi eleito ao Congresso em 2015, foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça no final de 2019 devido a denúncias de corrupção, que ele nega.
Dezenas de países, incluindo os Estados Unidos, denunciaram a indicação de Parra como uma medida ilegítima e disseram que continuam reconhecendo Guaidó como chefe do Parlamento e autêntico presidente da Venezuela.
No domingo, soldados com escudos proibiram Guaidó de entrar no Parlamento para o que se esperava ser sua reeleição. Após a posse de Parra, Guaidó realizou uma sessão separada em outro local na qual 100 parlamentares o mantiveram no cargo. A legislatura tem 167 cadeiras.
Guaidó tinha prometido presidir a sessão legislativa desta terça-feira, apesar do que qualificou como "golpe parlamentar" de Parra, que, por sua vez, rejeitou a descrição e escreveu no Twitter: "Viemos para salvar o Parlamento da destruição."
Guaidó foi eleito como chefe do Congresso em janeiro de 2019 e invocou a Constituição para se autodeclarar presidente interino do país, denunciando Maduro como um usurpador que garantiu a reeleição em 2018 graças a uma votação que foi considerada por muitos como fraudulenta.
Até agora Maduro vem resistindo às investidas de Guaidó, mantendo o controle das Forças Armadas e apertando o cerco aos parlamentares opositores. Mais de 30 dos aliados de Guaidó no Congresso estão escondidos, presos ou exilados.
A nova pauta política de Parra se concentra em diminuir o conflito com o governo. Maduro não demorou para comemorar sua posse, ressaltando uma "rebelião" entre parlamentares da oposição.
(Por Angus Berwick, Mayela Armas, Vivian Sequera, Corina Pons e Brian Ellsworth)