PEQUIM (Reuters) - O ministro da Defesa da China disse nesta sexta-feira ao chefe do Conselho de Segurança Nacional do Japão que a legislação japonesa que permitirá o envio de soldados para lutar no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial iria "complicar" a segurança regional.
As relações sino-japonesas, por muito tempo abaladas pelas lembranças da invasão do Japão durante a guerra e a disputa por ilhas no Mar do Leste da China, melhoraram desde que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, numa cúpula Ásia-Pacífico, em Pequim, em novembro.
A legislação, aprovada na Câmara Baixa do Parlamento do Japão na quinta-feira, elimina a proibição de autodefesa e de participação em combates para defender um país amigo, como os Estados Unidos.
O chefe do setor da Defesa da China, Chang Wanquan, disse a Shotaro Yachi, que é um aliado próximo de Abe, que a aprovação do projeto de lei foi um "movimento sem precedentes", segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, depois que os dois se encontraram em Pequim.
"Essa iniciativa terá uma influência complicada na segurança e na estabilidade estratégica regional", afirmou Chang, de acordo com a agência. Ele "exortou os japoneses a aprender com a história, a respeitar as principais preocupações dos seus vizinhos com a segurança e não fazer mal à paz e à estabilidade regional", acrescentou a Xinhua.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse na quinta-feira que a legislação põe em xeque o compromisso do pós-guerra do Japão de seguir "o caminho do desenvolvimento pacífico".
Xi e Abe se reuniram em uma segunda minicúpula em abril, durante um encontro de líderes da Ásia-África, na Indonésia. O Japão quer manter o degelo e se assegurar ao mesmo tempo de que a China perceba os riscos de uma política marítima militar cada vez mais assertiva.
(Reportagem de Ben Blanchard)