LONDRES (Reuters) - É mais provável que o Reino Unido saia da União Europeia sem um acordo se os parlamentares rejeitarem o pacto negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou um de seus ministros nesta quinta-feira, e um colega seu disse que uma saída sem acordo atingiria duramente o setor agrícola.
O Brexit está marcado para 29 de março, mas, embora Stephen Barclay e Michael Gove tenham desaconselhado uma desfiliação caótica, o que acontecerá no dia em questão continua nebuloso.
O futuro do pacto de May está em jogo às vésperas de uma votação parlamentar, e os clamores por um segundo referendo – que ela vem rejeitando continuamente – estão crescendo.
"Nenhum acordo será algo muito mais provável se os membros do Parlamento rejeitarem o acordo do Brexit do governo", escreveu Barclay, o ministro do Brexit, no jornal Daily Express, argumentando que o plano de May é o único "acordo viável" à disposição.
Já Gove, o titular do Meio Ambiente, disse que os agricultores britânicos enfrentarão custos crescentes caso não haja um pacto quando as tarifas de exportação entrarem em vigor e as inspeções de fronteira desacelerarem o trânsito nos postos.
Os parlamentares precisam decidir se aceitam a proposta de May para ter uma ruptura estruturada e laços econômicos relativamente estreitos ou se o rejeitam e provocam uma grande incerteza sobre os próximos passos do país. A votação deve ocorrer na semana iniciada em 14 de janeiro.
PREPARATIVOS PARA A FALTA DE ACORDO
A principal barreira ao acordo de May é uma solução emergencial concebida para evitar a volta de uma fronteira dura entre a Irlanda do Norte e a Irlanda, um membro da UE, se uma solução melhor para manter o livre comércio não for encontrada.
Críticos argumentam que a solução emergencial pode deixar o Reino Unido preso a uma união alfandegária com o bloco indefinidamente.
May está pedindo a Bruxelas garantias adicionais que a ajudem a persuadir parlamentares céticos de seu próprio partido e do pequeno Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), um sustentáculo de seu governo de minoria.
Depois de conversar com May nesta quinta-feira, o vice-líder do DUP, Nigel Dodds, disse que suas objeções à proposta da premiê permanecem.
Dentro do opositor Partido Trabalhista britânico, que até agora vem apoiando uma saída negociada, mas não o acordo de May, existe um apoio cada vez maior a um segundo referendo do Brexit – mas o jornal Guardian noticiou que seu líder, Jeremy Corbyn, resistiria a tal reviravolta.
(Por William James; reportagem adicional de Conor Humphries em Dublin e Costas Pitas e Kylie MacLellan em Londres)