BERLIM (Reuters) - Fazer alterações no polêmico backstop irlandês é única forma de conseguir um acordo de separação do Reino Unido da União Europeia, disse o ministro das Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, antes de a primeira-ministra, Theresa May, viajar a Bruxelas nesta quarta-feira para tentar salvar seu acordo de divórcio com o bloco.
O pomo da discórdia nas negociações do Brexit é o chamado backstop, uma apólice de seguro para evitar a volta de longas verificações na delicada fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a Irlanda, membro da UE.
Hunt pediu "uma mudança simples e importante" no backstop, "mas uma que garanta o futuro do acordo de paz da Sexta-Feira Santa de Belfast", acrescentando: "Se pudermos fazer esta mudança, temos confiança de que conseguiremos aprovar este acordo".
"Esta é realmente a única maneira de resolver a situação atual", disse ele durante uma sessão de perguntas e respostas depois de discursar no Konrad Adenauer Stiftung em Berlim.
May volta a Bruxelas nesta quarta-feira na esperança de que o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se mostre mais conciliador do que ultimamente para salvar seu acordo para o Brexit.
Hunt disse que a "coisa crítica" é que o procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, precisa ser capaz de mudar seu conselho ao Parlamento, que "atualmente diz que é possível, senão provável, que o Reino Unido possa, pelos arranjos atuais do backstop, ficar preso à união alfandegária para sempre contra a sua vontade".
"Esta é a questão com a qual os parlamentares têm dificuldade", disse.
Pedindo uma "liderança generosa e perspicaz", Hunt disse: "Devemos fazer tudo que pudermos para que se chegue a um acordo".
O chanceler disse que "uma saída suave e ordeira é profundamente necessária", mas que não vê muito sentido em prorrogar as negociações para além da saída planejada da UE no dia 29 de março.
"A questão de uma prorrogação é se isso realmente resolve algo", disse. "A última coisa que as pessoas do Reino Unido e da Europa querem é uma paralisia do Brexit. Acho que as pessoas querem ir em frente".
(Por Michelle Martin e Madeline Chambers)