Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - Católicas lideradas pela ex-presidente irlandesa Mary McAleese exigiram um papel decisório maior para as mulheres na Igreja nesta quinta-feira, exortando o papa Francisco a derrubar seus "muros de misoginia".
McAleese foi a principal oradora em um simpósio de mulheres católicas intitulado "Porque as Mulheres Importam", ao qual compareceram centenas de pessoas e que foi acompanhado por muitas outras ao redor do mundo através de uma transmissão pela internet.
O evento do Dia da Mulher foi realizado na sede da ordem jesuíta, já que o Vaticano revogou uma permissão para que ele acontecesse dentro de seus muros quando os organizadores acrescentaram palestrantes polêmicos sem seu consentimento.
McAleese, que apoia o casamento gay e a ordenação de mulheres no serviço religioso, brincou com a mudança para um local a uma quadra de distância dos muros do Vaticano, dizendo: "Espero que todos seus aparelhos para surdez estejam ligados hoje".
Ela disse que a proibição da Igreja às mulheres no sacerdócio "afastou as mulheres de qualquer papel significativo na liderança da Igreja, no desenvolvimento doutrinário e na estrutura de autoridade".
A Igreja ensina que as mulheres não podem ser ordenadas porque Jesus só escolheu homens como apóstolos. Aqueles que defendem a ordenação feminina argumentam que ele só seguiu as normas do seu tempo.
"Estamos aqui para gritar, para derrubar os muros da misoginia", afirmou, acrescentando que a posição da Igreja quanto a manter as mulheres em papéis subordinados aos homens "manteve Cristo fora e a intolerância dentro".
"Quanto tempo a hierarquia pode sustentar a credibilidade de um Deus que quer as coisas deste modo, que quer uma Igreja na qual as mulheres são invisíveis e sem voz na liderança da Igreja?", indagou McAleese, que foi presidente da Irlanda entre 1997 e 2001, em seu discurso.
Muitas mulheres, disse, "sentem a Igreja como um bastião masculino de platitudes condescendentes, ao qual o papa Francisco acrescentou sua cota".
O papa prometeu incluir mais mulheres em postos de primeiro escalão do Vaticano, mas críticos dizem que ele está agindo muito lentamente.
Entre as outras palestrantes estava Zuzanna Radzik, teóloga católica polonesa que descreveu a luta para fazer com que padres e bispos de seu país a levassem a sério como uma intelectual em pé de igualdade com os homens.