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Mulheres pobres precisam ter controle sobre sexo e natalidade para reduzir desigualdade, diz ONU

Publicado 17.10.2017, 12:36
© Reuters. Refugiada curda segura criança em campo de refugiados na cidade de Suruç, na Turquia

Por Kieran Guilbert

LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - Fracassar em dar às mulheres mais pobres o controle sobre seus corpos pode ampliar a desigualdade em países em desenvolvimento e prejudicar o progresso rumo a metas globais que visam a erradicar a pobreza até 2030, disse o Fundo de População das Nações Unidas (FPNU) nesta terça-feira.

Incontáveis mulheres e meninas do mundo todo não têm o direito de opinar em decisões sobre sexo e natalidade e têm dificuldade de acesso a serviços de saúde, como planejamento familiar, correndo o risco de gestações indesejadas e abortos, informou um relatório do FPNU.

O acesso ao controle de natalidade permite que as mulheres adiem e criem intervalos entre os nascimentos, reduzindo a mortalidade de mães e filhos, fortalece economias liberando as mulheres para o trabalho e induz famílias menores nas quais os pais conseguem dedicar mais tempo à saúde e à educação dos filhos.

Mesmo assim, muitas das mulheres mais pobres do mundo --especialmente as mais jovens, menos educadas e moradoras de áreas rurais-- não usufruem destas oportunidades porque tais serviços são escassos, muito caros ou desdenhados por suas famílias e comunidades, dizem especialistas.

Isso pode agravar a diferença de gêneros, reforçar a desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos e em última instância enfraquecer as economias, alertou o FPNU em seu relatório anual "Estado da População Mundial".

Negar às mulheres o acesso a serviços de saúde reprodutiva também pode minar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), um plano global para acabar com a pobreza e a desigualdade até 2030, segundo o levantamento.

"Hoje a desigualdade não diz respeito só a ter ou não ter... diz respeito cada vez mais a poder e não poder", disse a diretora-executiva do FPNU, Natalia Kanem, em um comunicado.

© Reuters. Refugiada curda segura criança em campo de refugiados na cidade de Suruç, na Turquia

"As mulheres pobres que carecem dos meios para tomar suas próprias decisões sobre o tamanho da família ou que estão com a saúde ruim por causa de cuidados de saúde reprodutiva inadequados dominam as fileiras do 'não poder'", afirmou ela antes do lançamento do relatório em Londres.

Ao menos 214 milhões de mulheres de países em desenvolvimento não conseguem ter acesso a contraceptivos, o que resulta em 89 milhões de gestações indesejadas e 48 milhões de abortos por ano, segundo o FPNU.

Mas um número crescente de países vêm prometendo elevar seus gastos com serviços de saúde reprodutiva, parte da iniciativa Planejamento Familiar 2020, que almeja oferecer acesso a métodos de controle de natalidade a 120 milhões de mulheres a mais em todo o planeta.

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