Por Ngouda Dione e Bate Felix
DACAR (Reuters) - Apoiadores do líder de oposição do Senegal Ousmane Sonko atiraram pedras contra a tropa de choque e incendiaram ônibus nesta quinta-feira, depois que um tribunal o condenou à revelia a dois anos de prisão, lançando sérias dúvidas sobre suas chances de concorrer à Presidência próximo ano.
Sonko, de 48 anos, não compareceu à audiência. Mas o ministro da Justiça, Ismaila Madior Fall, disse que o líder da oposição pode agora ser preso a qualquer momento e que a polícia está estacionada em torno de sua casa na capital Dacar por motivos de segurança pública.
Sonko foi acusado de estuprar uma mulher que trabalhava em uma casa de massagens em 2021, quando ela tinha 20 anos, e de fazer ameaças de morte contra ela. Ele nega irregularidades e diz que as acusações têm motivação política.
Um tribunal criminal inocentou Sonko de estupro, mas o considerou culpado de outro delito descrito no código penal como comportamento imoral em relação a menores de 21 anos.
"Com esta sentença, Sonko não pode ser candidato", disse um de seus advogados, Bamba Ciss, citando a lei eleitoral do Senegal.
O partido PASTEF, de Sonko, disse que a decisão faz parte de uma conspiração política e pediu aos cidadãos em um comunicado que "interrompam todas as atividades e saiam às ruas".
Uma espessa fumaça negra subia de um campus universitário central em Dacar, onde manifestantes incendiaram vários ônibus na tarde após o veredicto e atiraram pedras contra a tropa de choque, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.
O porta-voz do governo, Abdou Karim Fofana, disse que as forças de segurança controlam a situação na capital, embora continuassem sinais de focos de agitação à noite.
(Reportagem de Ngouda Dione e Bate Felix em Dacar; Reportagem adicional de Diadie Ba e Edward McAllister)