LONDRES (Reuters) - Embora a maioria dos músicos tente evitar uma recepção fria em apresentações, para o compositor e músico norueguês Terje Isungset um sentimento arrepiante não causa medo: ele toca com instrumentos que ele mesmo constrói com gelo.
Um show recente no Royal Festival Hall de Londres contou com um conjunto que incluía instrumentos de sopro de gelo, tambores de gelo e um 'gelofone' – um xilofone de gelo – acompanhados pelos trejeitos vocais da cantora Maria Skranes.
Ele acredita que seu trabalho é mais do que fazer música, já que também almeja exibir a beleza e a fragilidade do gelo.
"Eu vejo isto como parte de algo maior. Não somos eu e meu projeto e meu ego – são os elementos", disse ele à Reuters.
O norueguês, formado em música escandinava tradicional e jazz, fabrica seus instrumentos com motosserras e picaretas.
Fundador de um festival de música de gelo na Noruega, Isungset toca em cerca de 50 festivais e concertos por ano, muitos nos climas frios da sua terra natal, do Canadá ou da Rússia.
Em apresentações realizadas em climas mais quentes as temperaturas podem criar desafios, já que passar mais do que 50 minutos em temperatura ambiente pode danificar suas ferramentas de trabalho.
Todos os instrumentos para o show londrino foram feitos na Noruega e transportados em contêineres especiais, ressaltando o fato de que, quando se trata de fazer instrumentos de gelo, não é qualquer água que serve.
"Se o gelo for de água poluída, não soa tão bem. Se for de água da torneira não funciona, porque há alguns elementos químicos nela", explicou. O melhor gelo, contou, veio do norte da Suécia em 2003.
(Por Rosanna Phillpot)