CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Celebrando missa diante de centenas de milhares de pessoas em uma das cidades mais pobres e perigosas do México, o Papa Francisco criticou neste domingo a elite rica e corrupta do país.
Denunciando "uma sociedade de poucos e para poucos", o papa criticou a profunda desigualdade e a vaidade e o orgulho daqueles que se consideram acima dos outros, em missa na cidade de Ecatepec.
O México é o país de um dos homens mais ricos do mundo, o bilionário Carlos Slim, e de uma classe política abastada manchada pela corrupção, embora a maioria do país esteja mergulhada em pobreza e violência.
A cidade de Ecatepec, uma extensão de casas de blocos de concreto ao norte da Cidade do México, tem testemunhado um aumento na criminalidade nos últimos anos, nos quais passou a ser tomada por cartéis de drogas em guerra entre si.
Com a ajuda de uma economia fraca e do desemprego entre os mais jovens, a violência entre gangues tem colocado a taxa de violência de Ecatepec entre as maiores do México.
O município é notório pelo número de crimes jamais resolvidos contra diversas mulheres, cujos corpos são encontrados abandonados em latas de lixo ou arremessados em um córrego a apenas alguns metros de onde o Papa Francisco discursou neste domingo.
É também o lugar onde fica uma estátua gigante de "Santa Muerte", a Santa Morte, uma figura cult seguida por milhões de pessoas em toda a América. A santa costuma ser retratada como um esqueleto envolto em vestes de cetim branco, colares de contas e carregando uma foice. Acredita-se que ela realiza pedidos das pessoas sem julgá-las.
"Estamos vivendo em um período de muita violência...que ele (o papa) nos dê força para continuar suportando isto, para continuar lutando contra isso", disse Maria Dolores Angeles Martinez, uma dona de casa de 26 anos de Ecatepec.
Um mar de fiéis da Igreja Católica saudou o papa enquanto ele aterrissava em Ecatepec. Autoridades locais estimam que mais de 2 milhões de pessoas compareceram.
Em todo o México, mais de 100 mil pessoas já foram mortas devido à violência do mudo das drogas ao longo da última década. Outras 26 mil estão desaparecidas.
(Por Philip Pullella e Alexandra Alper)