BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, usou o último programa do horário eleitoral obrigatório para destacar denúncia da revista Veja contra a presidente Dilma Rousseff (PT), cuja propaganda rebateu as acusações e apelou para a emoção da reta final da campanha.
O programa de Aécio repetiu praticamente todos os trechos da propaganda exibida na tarde desta sexta-feira, deixando para os últimos instantes a cena em que apresenta a capa da revista enquanto um locutor descreve a reportagem com o que seria declaração do doleiro Alberto Youssef, em depoimento à Polícia Federal, dizendo que tanto Lula como Dilma saberiam do suposto esquema de corrupção na Petrobras.
"No domingo você pode dar um basta a esses escândalos", diz o locutor.
Os trechos reprisados do programa da tarde deram ênfase aos apoios declarados de personalidades ao tucano e reforçaram sua defesa de valores e seu discurso pela mudança.
"Bem-vindos ao novo jeito de governar, a um tempo de mais união, de mais decência e verdade. Bem-vindos, porque é assim que nós somos. Acolhedores, solidários, generosos. Isso é o que nós brasileiros temos de melhor, de mais profundo. O nosso caráter. Algo que não se pode abandonar nunca, nem mesmo em uma disputa eleitoral", começou o presidenciável.
"Valores importantíssimos na vida de todos nós como justiça, verdade, honestidade, respeito, estão se perdendo. Recuperar esses valores tão fundamentais também é parte da mudança que nós queremos fazer", afirmou Aécio, com um arranjo do hino nacional ao fundo.
O hino também foi utilizado em outro momento do programa, quando foi cantado por cidadãos.
A propaganda exibiu novamente um depoimento gravado de Neymar, jogador da seleção brasileira, além de outras figuras públicas cujos apoios já vinham sendo exibidos nos programas.
"Estamos num momento político importante... não podemos ter votos nulos ou brancos neste momento", diz o jogador. "Eu vou votar no candidato Aécio Neves porque me identifico com a proposta que ele tem para o Brasil."
O tucano recorreu ainda à figura do avô, Tancredo Neves, para reforçar a ideia de que representa uma união de forças para mudar o país.
"Há 30 anos, eu me lembro muito bem disso, os brasileiros se uniram em torno do meu avô, o presidente Tancredo Neves, para vencer a ditadura. E gritavam por todo país 'muda, Brasil'. Hoje eu repito a mesma frase, 'muda, Brasil'", disse Aécio.
ALMA AO BRASIL
Dilma utilizou seu horário eleitoral obrigatório da noite para frisar a carga emotiva de sua militância e ainda reforçar conquistas de seu governo.
Exibindo depoimentos de cidadãos beneficiados por suas medidas, a campanha petista fez uma defesa de programas como o Bolsa Família, o Pronatec e o Minha Casa Minha Vida.
"O Brasil que queremos e estamos construindo é o Brasil do amor, da esperança e da união. É o Brasil da solidariedade e das oportunidades", disse a presidente.
O programa também trouxe trecho em que Lula diz que o povo "já sabe o que foi o Brasil dos tucanos e sabe como é o Brasil da Dilma, do presente".
A propaganda petista também repetiu trechos exibidos nesta tarde em que rebate acusações da Veja, mas não reprisou fala em que a própria Dilma desqualifica a edição e a classifica de criminosa.
O programa da tarde acusou a revista de atacar o partido em outras disputas eleitorais e de tentar reverter a vantagem de Dilma na reta final destas eleições, apresentando um histórico de reportagens da Veja contra o PT, destacando ainda que a edição da revista desta semana foi antecipada para esta sexta.
"Eu gostaria de encerrar a minha campanha na TV de outra forma mas não posso me calar frente esse ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista Veja e seus parceiros ocultos", começou a candidata no programa de mais cedo.
"Até a sua edição de hoje, vésperas da eleição em que todas as pesquisas apontam a minha nítida vantagem sobre meu adversário, a maledicência da Veja se limitava a insinuar que eu poderia ter sido omissa na apuração dos fatos, isso já era um absurdo", disse Dilma no horário eleitoral obrigatório desta sexta-feira, reafirmando que deu "total respaldo" às investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
"Hoje a revista excedeu todos os limites da decência e da falta de ética, pois insinua que eu teria conhecimento prévio dos mau feitos na Petrobras. E que o presidente Lula seria um dos seus articuladores. A revista comete esta barbaridade, esta infâmia contra mim e Lula sem apresentar a mínima prova. Isso é um absurdo, isto é um crime", afirmou.
Dilma havia dito ainda que o povo dará "sua resposta" nas urnas e ela, na Justiça.
O restante do programa, reprisado nesta noite, apresentou artistas e personalidades que declararam apoio à Dilma e, com imagens de comícios e atos políticos, voltou a explorar uma abordagem mais emocional da campanha.
"Lutei contra a ditadura, venci a tortura, venci o câncer... o que me leva adiante é a minha paixão pelo Brasil e pelo povo brasileiro. Dou minha alma ao Brasil", diz a presidente, no fim do programa.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)