Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - O proeminente nacionalista russo Igor Girkin, que acusou publicamente o presidente Vladimir Putin e o alto escalão do Exército do país de não conduzirem a guerra na Ucrânia de forma dura ou eficaz o suficiente, foi detido nesta sexta-feira sob a acusação de incitar o extremismo.
Sua prisão no início do dia por seu ex-empregador, o serviço de segurança estatal FSB, sugere que as autoridades russas se cansaram de suas críticas ao que chamam de "operação militar especial" na Ucrânia e talvez de outras vozes nacionalistas que pareciam ter uma licença excepcional para criticar a campanha militar.
A prisão ocorre após um motim abortado no mês passado liderado por outro crítico, Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, que ainda está livre, mas reduziu drasticamente seus próprios ataques verbais.
A acusação apresentada pelos promotores do FSB acarreta uma pena máxima de cinco anos de prisão, informaram as agências de notícias estatais TASS e RIA Novosti. O site de notícias RBC disse que o tribunal distrital de Meshchansky, em Moscou, manteve Girkin, de 52 anos, sob custódia investigativa até 18 de setembro.
Girkin, um ex-oficial da FSB e comandante do campo de batalha também conhecido como Igor Strelkov, ajudou a Rússia a anexar a Crimeia em 2014 e, logo depois, a organizar milícias pró-Rússia que arrancaram parte do leste da Ucrânia do controle de Kiev -- nos eventos que iniciaram a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Ele também foi condenado à prisão perpétua à revelia por um tribunal holandês em 2022 por seu suposto papel no abate do voo MH17, da Malaysia Airlines, sobre o leste da Ucrânia em 2014, com a perda de 298 passageiros e tripulantes.