Por Robin Emmott e Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - Partidos pró-Europa se mantiveram no controle do Parlamento da União Europeia nesta segunda-feira, e partidos liberais e verdes igualaram um avanço de siglas eurocéticas, que pela primeira vez obtiveram o controle de um quarto dos assentos nas eleições europeias.
A extrema-direita e os nacionalistas da Itália, Reino Unido, França e Polônia lideraram as votações em seus países no domingo, abalando a política doméstica nesses locais, mas sem alterar dramaticamente o equilíbrio do poder pró-Europa na Assembleia da UE.
Diante de uma Rússia mais hostil, do poder econômico crescente da China e do imprevisível presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, muitos europeus pareceram ouvir a mensagem de que a UE precisa se unir para proteger os direitos dos trabalhadores, a liberdade de expressão e a democracia.
"Construiremos uma Europa social, uma Europa que protege", disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, cuja reabilitação junto ao eleitorado compensou a perda de apoio da centro-esquerda na Alemanha, em uma coletiva de imprensa no final da noite de domingo.
O humor dos investidores melhorou graças aos avanços menores do que o esperado dos partidos populistas, mas a queda de apoio para os principais blocos de centro-direita e centro-esquerda pode complicar a formulação de políticas e exigir mais acordos pluripartidários, disseram analistas.
Resultados parciais publicados na manhã desta segunda-feira mostraram que socialistas, verdes e liberais conseguiram 507 da 751 cadeiras do Parlamento da UE, que ajuda a sancionar leis para mais de 500 milhões de europeus.
A busca de uma maioria, além da conquista de cargos de alto escalão na UE, dará o tom agora que grupos pró-UE tentam blindar o bloco contra forças anti-establishment que querem acabar com o maior bloco comercial do mundo, mas que estão divididas quanto ao seu futuro.
A plataforma Renascença, do presidente francês, Emmanuel Macron, aumentou os ganhos dos liberais na UE, e o apoio aos verdes alemães cresceu, o que deu dois terços dos assentos a quatro grupos pró-UE.
Macron e Sánchez devem se encontrar nesta segunda-feira, na primeira de uma série de reuniões de líderes do bloco antes de se encontrarem em uma cúpula na noite de terça-feira em Bruxelas para debater o resultado da votação parlamentar.
Uma presença mais forte de liberais e verdes pode levar o próximo Executivo da UE a endurecer na regulamentação de indústrias poluidoras, na taxação de multinacionais ou na exigência de que os parceiros comerciais ajudem a conter a mudança climática.
Os resultados provisórios para o Parlamento da UE mostram o Partido Popular Europeu (EPP) com 182 assentos, mais do que os 147 da Aliança Progressista, formada por partidos social-democratas; os liberais com 109, um ganho de 41 cadeiras, e os verdes com 69, ou 17 cadeiras a mais.
Na extrema-direita, dois grupos do Parlamento obtiveram bem mais de 100 assentos, um avanço de 40% em relação a 2014.
(Por Alastair Macdonald, Gabriela Baczynska, Alissa de Carbonnel, Daphne Psaledakis, Foo Yun Chee, Robin Emmott e Francesco Guarascio, Jan Strupczewski; Reportagem adicional de Elena Rodriguez em Madri)