Por Vladimir Soldatkin e Alexander Marrow
MOSCOU (Reuters) - A Rússia enviou nesta sexta-feira o sinal mais forte até agora de que está disposta a se engajar com as propostas de segurança dos Estados Unidos e reiterou que não quer guerra por causa da Ucrânia.
"Se depender da Rússia, não haverá guerra. Não queremos guerras. Mas também não vamos permitir que nossos interesses sejam rudemente atropelados, que sejam ignorados", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, a estações de rádio russas em uma entrevista.
A Rússia acumulou dezenas de milhares de tropas próximas à fronteira com a Ucrânia enquanto pressionava por demandas para redesenhar os acordos de segurança pós-Guerra Fria na Europa.
Os Estados Unidos e seus aliados avisaram o presidente Vladimir Putin que a Rússia irá enfrentar sanções econômicas duras e rápidas se atacar a Ucrânia.
Lavrov disse que o Ocidente está ignorando os interesses da Rússia, mas que pelo menos havia "alguma coisa" por escrito nas respostas entregues pelos Estados Unidos e pela aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) às propostas à Rússia.
Embora as respostas não tenham sido divulgadas, tanto Otan quanto Estados Unidos já declararam disposição em engajar com Moscou nas áreas de controle de armamentos e no desenvolvimento de medidas para construir confiança. Outras demandas, como a não admissão da Ucrânia na Otan, foram descartadas.
Lavrov disse que espera se encontrar com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, novamente nas próximas duas semanas.
Lavrov afirmou, sem oferecer detalhes, que as contra-propostas dos EUA eram melhores que as da Otan. A Rússia avalia as propostas e Putin irá decidir como responder.
Os comentários estão entre os mais conciliatórios feitos por Moscou desde o início da crise, que escalou até um dos piores impasses entre Oriente e Ocidente desde o fim da Guerra Fria, três décadas atrás.
O líder bielorruso Alexander Lukashenko, um aliado próximo da Rússia, disse na sexta-feira que seu país não tem absolutamente nenhum interesse em uma guerra e que o conflito começaria apenas se Belarus ou a Rússia fossem diretamente atacados.
O presidente francês, Emmanuel Macron, deve conversar por telefone com Putin nesta sexta-feira.
"Depende de Vladimir Putin dizer se ele quer consultas ou confronto", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, à rádio RTL, perguntando se o líder russo gostaria de ser uma "potência desestabilizadora" ou se buscaria desescalar a situação.
O Kremlin disse que não descarta que Putin ofereça algumas avaliações russas sobre a resposta ocidental às suas propostas durante a conversa.