Por Angelo Amante
ROMA (Reuters) - A Itália realizou seu primeiro funeral não religioso para um chefe de Estado nesta terça-feira, com uma cerimônia secular no Parlamento para Giorgio Napolitano, presidente por duas vezes, que morreu na semana passada aos 98 anos.
Napolitano foi o primeiro ex-comunista a se tornar presidente e a primeira pessoa a ser eleita duas vezes para o cargo, que ocupou de 2006 a 2015.
"Ele lutou boas batalhas e apoiou causas erradas, tentando, pouco a pouco, corrigir erros e explorar novos caminhos", disse seu filho Giulio a dignitários, incluindo a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente alemão Frank Walter Steinmeier.
Pelo menos oito ex-primeiros-ministros italianos também estavam presentes.
Os presidentes italianos são, em sua maioria, figuras cerimoniais, mas os admiradores atribuem a Napolitano o mérito de ter salvado o país da ruína financeira em 2011, quando ele persuadiu o então primeiro-ministro Silvio Berlusconi a renunciar durante uma crise da dívida, abrindo caminho para um governo tecnocrático que aplacou os mercados.
Os críticos o acusaram de orquestrar um golpe de Estado. Berlusconi morreu em junho, mas um de seus conselheiros mais próximos, Gianni Letta, disse que esperava que os dois políticos resolvessem suas diferenças "lá em cima".
"Gosto de imaginar que, quando eles se encontrarem lá em cima, poderão dizer um ao outro o que não disseram aqui embaixo e, com todas as controvérsias resolvidas, poderão esclarecer as coisas e se reunir na luz", afirmou Letta em um breve discurso.
Napolitano será enterrado no pequeno cemitério não católico de Roma, o local de descanso final dos poetas britânicos John Keats e Percy Bysshe Shelley, bem como de Antonio Gramsci, um dos fundadores do comunismo europeu.
Embora não fosse religioso, Napolitano era amplamente apreciado pela Igreja Católica Romana, e o papa Francisco surpreendeu sua família ao prestar homenagem pessoalmente durante o velório no Parlamento no fim de semana.