Por Kate Holton
LONDRES (Reuters) - Um navio-tanque iraniano implicado no impasse entre Teerã e o Ocidente pode zarpar do território britânico de Gibraltar nesta sexta-feira, a menos que uma manobra de última hora dos Estados Unidos consiga levar o drama de volta aos tribunais.
O Grace 1 foi confiscado por comandos da Marinha Real britânica que o abordaram em plena escuridão na embocadura oeste do Mar Mediterrâneo em 4 de julho devido à suspeita de que estava violando sanções da União Europeia por levar petróleo à Síria, uma aliada próxima do Irã
Gibraltar suspendeu a ordem de detenção na quinta-feira depois de dizer que Teerã deu garantias por escrito de que o navio não descarregará seu petróleo na Síria –mas os EUA ainda tentam deter a embarcação com a justificativa de que acreditam que ela está ajudando a Guarda Revolucionária iraniana.
"Ela pode partir assim que organizar a logística necessária para se poder navegar um navio daquele tamanho", disse o primeiro-ministro de Gibraltar, Fabian Picardo, à rádio BBC.
"Poderia ser hoje, poderia ser amanhã."
Indagado sobre a posição de Washington, ele disse que esta estaria sujeita à jurisdição da Suprema Corte de Gibraltar.
"Poderia voltar à corte, certamente."
A intervenção norte-americana de última hora foi a reviravolta mais recente de um drama que começou nas primeiras horas de 4 de julho, quando fuzileiros navais da Marinha Real britânica desceram de corda no Grace 1 para apreendê-lo.
Isso desencadeou uma sequência de acontecimentos, entre eles o confisco iraniano de um navio-tanque de bandeira britânica no Golfo Pérsico uma quinzena depois, elevando a tensão em uma rota internacional de escoamento de petróleo que é vital.
O navio-tanque em questão, Stena Impero, ainda está detido.
Gibraltar disse ter encontrado indícios confirmando que o Grace 1 estava transportando sua carga –2,1 milhões de barris de petróleo– para a refinaria iraniana de Baniyas. Teerã o nega.
Tentando "apaziguar" a questão, o premiê do território britânico se encontrou com autoridades do Irã em Londres. Mais tarde ele concordou em liberar o navio, depois de dizer que recebeu garantias de que a carga não irá para a Síria.
Mas enquanto advogados se reuniam na Suprema Corte de Gibraltar para ouvir a confirmação da liberação na quinta-feira, chegou a notícia de uma tentativa norte-americana de deter o navio acusando-o de ter laços com o terrorismo –Washington designa a Guarda Revolucionária como uma organização terrorista.