Por Shivani Singh e Aaron Sheldrick
PEQUIM (Reuters) - Os negócios seguem normalmente para as empresas globais de combustíveis fósseis no curto prazo depois que a cúpula do clima COP26 aprovou um acordo que diz que o mundo precisa "reduzir gradualmente" ao invés de "eliminar gradualmente" o uso de carvão.
O acordo da ONU fechado em Glasgow teve como alvo os combustíveis fósseis como o principal motor do aquecimento global, mesmo com os países dependentes do carvão lançando objeções de última hora sobre a mudança na linguagem para "reduzir gradualmente" o carvão.
Mas a mudança não virá da noite para o dia.
O presidente-executivo da gigante petrolífera estatal Abu Dhabi National Oil Co (ADNOC), Sultan al-Jaber, disse em uma conferência nesta segunda-feira que o mundo não poderá "simplesmente se desconectar" dos hidrocarbonetos.
"Se quisermos fazer a transição com sucesso para o sistema de energia de amanhã, não podemos simplesmente nos desconectar do sistema de energia de hoje. Não podemos simplesmente apertar um botão", afirmou ele.
A indústria de petróleo e gás precisará investir mais de 600 bilhões de dólares por ano até 2030 para atender à demanda esperada, disse ele.
A China, maior produtora e consumidora mundial de combustível fóssil sujo, divulgou na segunda-feira sua maior produção mensal de carvão em outubro desde março de 2015, à medida que as minas aumentaram a produção para elevar a oferta de aquecimento no inverno e enfrentar uma crise de energia.
As ações ligadas a empresas de carvão na China caíram após o acordo climático de Glasgow, mas um ambiente de oferta restrita proporcionou um piso para os preços.
"Nenhuma COP irá impor restrições reais aos combustíveis fósseis, os países fósseis sempre bloqueiam essas ideias", disse Tomas Kaberger, professor afiliado da Chalmers University of Technology, na Suécia.
"Mas, novamente, esta COP tornou os países progressistas mais unidos no desenvolvimento de indústrias de energia renovável para superar os combustíveis fósseis. Esse progresso continua com o aumento do engajamento industrial", disse ele.
Em outros desenvolvimentos na segunda-feira que ressaltam a importância contínua dos combustíveis fósseis, a japonesa Jera, maior compradora mundial de gás natural liquefeito, disse que pagará 2,5 bilhões de dólares para comprar uma participação na Freeport LNG para garantir o fornecimento de gás de longo prazo para sua eletricidade.