Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Nenhum navio foi inspecionado nesta terça-feira sob o acordo de grãos com a Ucrânia no Mar Negro, "já que as partes precisavam de mais tempo para chegar a um acordo sobre as prioridades operacionais", disse a ONU, acrescentando que as inspeções de rotina devem ser retomadas na quarta-feira.
"Pedimos a todos os envolvidos que cumpram suas responsabilidades para garantir que as embarcações continuem a se mover sem problemas e com segurança no interesse da segurança alimentar global", disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric em comunicado, acrescentando que atualmente existem 50 embarcações esperando para se mover para os portos ucranianos.
Todos os navios são inspecionados por funcionários da Rússia, Ucrânia, Turquia e das Nações Unidas em águas próximas à Turquia, na entrada e saída da Ucrânia. Dados oficiais online mostram que nenhum navio foi inspecionado nesta terça-feira.
No entanto, devido a questões logísticas, os navios têm de aguardar a sua vez de serem inspeccionados.
As inspeções de entrada se tornaram menos eficientes na semana passada, quando a Rússia começou a insistir em uma lista aleatória de embarcações a serem escolhidas para inspeção a cada dia, de acordo com uma fonte familiarizada com a situação, falando sob condição de anonimato.
Antes dessa mudança, a Ucrânia apresentava uma lista de embarcações prioritárias para inspeção com um dia de antecedência --com base nas necessidades de seus portos, armazenamento e capacidade-- e todas as quatro partes geralmente a aprovavam, disse a fonte.
Desde que o acordo que permite a exportação segura de grãos em tempo de guerra dos portos ucranianos do Mar Negro foi fechado em julho, mais de 27,5 milhões de toneladas de alimentos foram exportados. Dujarric disse que isso contribuiu para a redução dos preços dos alimentos em todo o mundo.
"Este trabalho crítico é feito no contexto da guerra em andamento e das hostilidades ativas. Não subestimamos os desafios, mas sabemos que eles podem ser superados", disse ele. "A equipe da ONU está trabalhando de perto com todos os lados, levando em consideração as preocupações de todas as partes."
O acordo --inicialmente negociado em julho passado por Turquia e Nações Unidas-- foi renovado no mês passado por pelo menos 60 dias, metade do período pretendido.
"Os benefícios humanitários globais da iniciativa são evidentes e não se limitam às exportações para países específicos de baixa renda. É do interesse de todos mantê-la funcionando", disse Dujarric.
A Rússia disse que só estenderá o acordo além de 18 de maio se os impedimentos à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes forem removidos. As exigências de Moscou incluem o retorno do Banco Agrícola Russo ao sistema bancário SWIFT e o desbloqueio das atividades financeiras das empresas de fertilizantes.
Para ajudar a persuadir a Rússia a permitir que a Ucrânia retomasse suas exportações de grãos do Mar Negro no ano passado, um acordo de três anos também foi fechado em julho, no qual as Nações Unidas concordaram em ajudar a Rússia com suas exportações de alimentos e fertilizantes.
As potências ocidentais impuseram duras sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Embora suas exportações de alimentos e fertilizantes não sejam sancionadas, Moscou diz que as restrições aos pagamentos, logística e seguros são uma barreira para os embarques.
(Reportagem de Michelle Nichols e Jonathan Spicer)