Por Michelle Nichols e Gabriela Baczynska e Humeyra Pamuk
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, compareceu ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira, e justificou o envio de armas a Kiev, a imposição de sanções contra Moscou e o apoio às resoluções da ONU como ações para defender a Carta da ONU.
Vestindo sua tradicional roupa verde militar, Zelenskiy viajou a Nova York para participar pessoalmente de uma reunião do Conselho de Segurança de 15 membros pela primeira vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. O conselho se reuniu dezenas de vezes desde então, mas não conseguiu tomar nenhuma medida, uma vez que Moscou detém poder de veto.
"A Ucrânia exerce seu direito à autodefesa", disse Zelenskiy, que se reunirá ainda nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ajudar a Ucrânia com armas nesse exercício, impor sanções e exercer pressão abrangente sobre o agressor, bem como votar a favor de resoluções relevantes, significam ajudar a defender a Carta da ONU."
A Ucrânia e os países ocidentais conseguiram isolar a Rússia diplomaticamente na ONU, onde a Assembleia Geral, composta por 193 membros, votou várias vezes de forma esmagadora para condenar a invasão e exigir que Moscou retirasse suas tropas.
O argumento deles é simples: a Rússia violou a Carta da ONU de 1945.
Em uma tentativa de reforçar esse apoio, Zelenskiy também falou sobre uma questão importante para muitos membros da ONU, especialmente para os países em desenvolvimento do Sul Global - a reforma do órgão mundial, especialmente a expansão do Conselho de Segurança.
"Não devemos esperar que a agressão termine. Precisamos agir agora. Nossa aspiração pela paz deve impulsionar a reforma", disse Zelenskiy.
A aparição de Zelenskiy coincidiu com um momento crucial para a campanha militar da Ucrânia para expulsar as forças russas do país.
O apoio do público pelo esforço de guerra está diminuindo em muitos países da Otan, a contraofensiva têm sido travada pelas obstinadas defesas russas e, em breve, o clima mais frio e úmido tornará muitas estradas rurais intransitáveis para veículos pesados.
REUNIÃO COM LULA
O primeiro encontro entre Zelenskiy e Lula vem sendo preparado há meses. O governo ucraniano solicitou a reunião depois de os dois não terem se encontrado na cúpula do G7 na cidade japonesa de Hiroshima neste ano.
Lula tem defendido a criação de um grupo de nações para mediar o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas em maio afirmou que tanto Moscou quanto Kiev eram culpadas pelo conflito, irritando os Estados Unidos e os países europeus que apoiam a resistência ucraniana à invasão russa.
No mês passado, Lula disse que nem Zelenskiy nem o presidente russo, Vladimir Putin, estavam prontos para a paz.