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No México, criadores de notícias falsas intensificam seus esforços antes da eleição

Publicado 28.06.2018, 21:10
No México, criadores de notícias falsas intensificam seus esforços antes da eleição

Por Julia Love, Joseph Menn e David Ingram

CIDADE DO MÉXICO/SAN FRANCISCO, 28 Jun (Reuters) – Às vésperas da eleição presidencial do México, no domingo, páginas no Facebook criticando o candidato da esquerda líder nas pesquisas possuem publicações com milhares de “curtidas”, sem outras reações e sem comentários, sugerindo automação, informou nesta quinta-feira um relatório do Atlantic Council.

Muitas “curtidas” nas páginas atacando Andrés Manuel López Obrador, um ex-prefeito da Cidade do México em sua terceira campanha à Presidência, vieram do Brasil, informou o instituto sediado em Washington. Uma “curtida” humana veio de um usuário dizendo comandar um grupo de especialistas em mídias sociais para contratação.

A enxurrada de manipulações nas redes sociais conforme mexicanos se preparam para votar destaca como a cartilha para guerra de informação evoluiu desde a eleição presidencial norte-americana de 2016.

Mesmo com diversos alertas avançados, novas contratações e parcerias, as redes sociais estão fracassando em frustrar técnicas mais avançadas.

Propaganda está alcançando eleitores mexicanos através de vários novos caminhos. Informações "fabricadas" compartilhadas estão mais frequentemente tomando a forma de vídeos, imagens e memes que se multiplicam mais rápido antes de detecção, disseram pesquisadores. Páginas misturam notícias reais com falsas para indicar credibilidade.

“Você não pode falar sempre sobre alienígenas se você quiser que as pessoas acreditem que alienígenas existem”, disse o ex-agente do FBI Clint Watts, autor de um livro sobre manipulação nas redes sociais.

Tanto no Facebook, quanto no Twitter, redes automatizadas grandes e fáceis de serem identificadas estão dando lugar para redes menores e coordenadas, disse Ben Nimmo, do Atlantic Council. E o serviço de mensagens WhatsApp, do Facebook, se tornou o principal canal para compartilhamento de informações falsas em grupos fechados, o que deixa a companhia e autoridades no escuro, disseram pesquisadores.

“As pessoas que fazem e produzem propagandas computacionais estão e provavelmente sempre estarão um passo à frente”, disse Samuel Woolley, diretor do Laboratório de Inteligência Digital do Instituto para o Futuro.

Com López Obrador liderando a maioria das pesquisas com dois dígitos, é improvável que a eleição mexicana seja afetada por manipulação nas redes sociais, dizem especialistas.

Mas a eleição é um dos primeiros grandes testes desde que o Facebook reconheceu que informações de até 87 milhões de usuários podem ter ido para a consultoria política Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Facebook contratou mais verificadores de conteúdo, financiou pesquisas externas com grupos de checagem de fatos, de veículos incluindo a agência France-Presse e o Verificado, um grupo apoiado pela Al Jazeera e pela publicação mexicana Animal Politico.

Artigos classificados como falsos aparecem mais embaixo nos feeds dos usuários, diz o Facebook, embora a empresa não forneça detalhes do quão eficaz isto é no México. Usuários são alertados antes de compartilharem o conteúdo.

Uma equipe de funcionários do Facebook começou a se preparar para a eleição mexicana no final do ano passado, se encontrando semanalmente, disse Diego Bassante, que gerencia a equipe de política e governos na América Latina.

“Alguém pode criar uma conta falsa ou um troll? Sim, provavelmente”, disse. “Mas eventualmente eles serão encontrados e derrubados.”

Apesar disto, diversas páginas denunciadas por compartilhamento de notícias falsas permanecem ativas no Facebook com muitos seguidores.

Por exemplo, Nacion Unida, que o Verificado classificou como um dos distribuidores de notícias falsas mais prolíficos, possuía mais de 895 mil seguidores nesta semana. Outra página, Zocalo Virtual, que espalhou informações falsas sobre o ex-governador e bilionário Carlos Slim, possuía mais de 1,86 milhão de seguidores.

Pesquisadores concordam que é difícil determinar quem está por trás das páginas. Muitos se descrevem como cidadãos preocupados. Outros imitam veículos de notícias.

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC

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