Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - O empresário Daniel Noboa enfrentará desafios significativos ao tentar reanimar a economia abalada do Equador e combater o aumento da criminalidade durante um mandato presidencial curto de 17 meses, após vencer a eleição para a Presidência do país no domingo.
Noboa, de 35 anos, prometeu em seu discurso de vitória reconstruir o país, cuja economia tem enfrentado dificuldades desde a pandemia da Covid-19, o que motivou a migração de milhares de equatorianos.
A vitória de Noboa eliminou alguns riscos imediatos de mercado que poderiam ter surgido se sua rival, a esquerdista Luisa González, protegida do ex-presidente Rafael Correa, tivesse sido eleita, segundo analistas.
"A vitória de Noboa elimina, em nosso ponto de vista, os riscos de cauda em torno de uma administração correista antecipada, buscando mudanças constitucionais que facilitem um retorno de Rafael Correa em 2025 e acelerando a velocidade da derrapagem fiscal", disse o J.P. Morgan em uma nota nesta segunda-feira.
Qualquer consolidação fiscal durante o próximo mandato de Noboa é improvável, especialmente se o fenômeno climático El Niño causar pressões econômicas significativas, acrescentou a nota, e uma reestruturação total da dívida também não deve ocorrer.
Noboa se comprometeu a atrair investidores estrangeiros e criar empregos para os jovens, mas também disse que equilibrará o cumprimento das obrigações da dívida externa com as necessidades da população.
Desde a pandemia, o Equador tem recorrido repetidamente ao financiamento multilateral.
O J.P. Morgan acrescentou que ainda há dúvidas sobre se Noboa seguirá um caminho ortodoxo na economia, pois ele disse que poderia usar 1,5 bilhão de dólares em reservas internacionais, se necessário.
A campanha de Noboa disse que ele anunciará as escolhas de seu gabinete na próxima semana, provavelmente sinalizando sua estratégia econômica.
O empresário também disse que enfrentará o aumento acentuado da criminalidade com uma nova unidade de inteligência, armas táticas para as forças de segurança, navios-prisão para abrigar os condenados mais perigosos do país e uma presença reforçada nos portos e aeroportos, pontos centrais para o contrabando de drogas.
O aumento da violência, que o atual governo equatoriano atribui ao tráfico de drogas, atingiu um ponto alto durante a campanha com o assassinato do candidato anticorrupção Fernando Villavicencio, que foi morto a tiros em agosto quando saía de um evento de campanha em Quito.
Noboa precisará garantir algumas vitórias rápidas em termos de segurança durante seus primeiros 90 dias no cargo para apaziguar as pressões sociais e políticas, acrescentou o J.P. Morgan.