Por James Pearson e Alina Selyukh
SEUL/WASHINGTON (Reuters) - Três cidadãos norte-americanos detidos na Coreia do Norte apelaram ao governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira pedindo ajuda para voltar para casa, em raras entrevistas organizadas pelo governo norte-coreano.
Os três homens, um deles cumprindo uma pena de 15 anos de prisão e dois aguardando julgamento no isolado país, falaram a uma equipe da emissora de TV CNN em visita à nação em circunstâncias rigidamente controladas.
Um deles afirmou que sua saúde está se deteriorando e outro descreveu sua situação como "urgente".
Os norte-americanos disseram estar sendo tratados com decência, mas clamaram ao governo dos EUA para que se envolva mais ativamente para ajudar a resolver o dilema.
Em resposta à entrevista, o Departamento de Estado dos EUA exortou Pyongyang a libertar os homens e disse que Washington está trabalhando ativamente para garantir sua volta para casa.
"Em nome da preocupação humanitária com Jeffrey Fowle, Matthew Miller e seus familiares, pedimos que a República Popular Democrática da Coreia (nome oficial do país) os liberte para que possam voltar para seu lar", declarou a porta-voz do departamento, Jen Psaki, referindo-se aos dois cidadãos que aguardam julgamento.
"Também pedimos que perdoe Kenneth Bae e lhe conceda uma anistia especial e soltura imediata para que possa se reunir com sua família e buscar cuidados médicos", acrescentou.
Bae, missionário cristão e agente de turismo preso 18 meses atrás, disse à CNN que passou este tempo "indo e voltando" do hospital para o campo de trabalho. "Peço ao governo dos EUA e às pessoas aí fora que realmente se esforcem para enviar alguém, para fazer isso dar certo", disse Bae.
A Casa Branca ainda afirmou estar fazendo tudo que pode para garantir a libertação dos três, mas não disse como o apelo das entrevistas à CNN pode mudar a abordagem de Washington.
"Garantir a libertação dos cidadãos norte-americanos é uma prioridade máxima, e seguimos estes casos de perto na Casa Branca. Continuamos a fazer tudo que podemos para obter sua soltura o quanto antes", declarou Patrick Ventrell, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, em um comunicado.
As entrevistas pareceram ser uma tentativa de Pyongyang de abrir um possível caminho para a libertação dos homens, embora não esteja claro como Washington reagiria.
Bill Richardson, ex-embaixador dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) que viajou à Coreia do Norte em outras ocasiões para ajudar a recuperar cidadãos norte-americanos detidos, disse acreditar que as entrevistas podem ser um bom sinal.
Em 2013, o Departamento de Estado dos EUA planejou mandar um enviado especial a Pyongyang para negociar a soltura de Bae, e na época insistiu que as negociações nucleares e às referentes a Bae não tinham relação.
A Coreia do Norte cancelou duas visitas de Robert King, o enviado dos EUA para temas de direitos humanos, para discutir o caso de Bae.