Por Michel Rose
XIAN, China (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira que a China e a Europa devem trabalhar juntas na iniciativa de Pequim “Cinturão e Rota”, um projeto que busca construir uma “Rota da Seda” dos dias atuais e que ele disse não poder ser “de mão única”.
Macron começou sua primeira visita de Estado à China com uma parada em Xian, um ponto de partida oriental da antiga Rota da Seda, esperando retomar relações UE-China, frequentemente tensas por conta das restrições de Pequim sobre investimento estrangeiro e comércio.
"Afinal, as antigas Rotas da Seda nunca foram somente chinesas", disse Macron para uma plateia de acadêmicos, estudantes e empresários no Palácio Daming, residência real da dinastia Tang por mais de 220 anos.
"Por definição, estas rodas só podem ser compartilhadas. Se elas são rotas, não podem ser de mão única", disse.
Divulgado em 2013, o projeto Cinturão e Rota tem objetivo de conectar a China por terra e mar ao Sudeste da Ásia, Paquistão e Ásia Central, e para o Oriente Médio, Europa e África.
O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu 124 bilhões de dólares para o plano em uma cúpula em maio, mas tem enfrentado suspeitas em capitais ocidentais de que o projeto se destina mais a reivindicar influência chinesa do que ao declarado desejo de Pequim de espalhar prosperidade.
Macron, que prometeu visitar a China ao menos uma vez por ano durante seu mandato, disse que a nova infraestrutura e projetos culturais promovidos pela China também podem ser feitos para interesse da França e da Europa caso feitos em um espírito de cooperação.
"Estas rotas não podem ser aquelas de uma nova hegemonia, que iriam transformar aqueles que cruzam em vassalos", disse Macron.
Alice Ekman, do centro de estudos IFRI, sediado em Paris, disse: "Por ora, considerando o quão extenso e incerto o projeto chinês continua sendo, diversos países europeus, incluindo a França, mostraram cautela quanto a isto".
"Para a China, as novas Rotas da Seda também são uma ferramenta para promover novos padrões internacionais, regras e normas que são diferentes daquelas atualmente usadas pela França e outros países europeus".
Em Xian, Macron disse esperar que relações entre UE e China possam ter um novo começo, baseadas em "regras equilibradas", após reconhecer que houve uma falta de confiança e "questões legítimas" na China, assim como temores entre europeus.
A Europa agora está unida e pronta para cooperar com a China após anos de gerenciamento de crises e estagnação econômica, disse Macron.
(Reportagem de Michel Rose)