Por Krista Mahr e Ross Adkin
CHAUTARA, Nepal (Reuters) - Um segundo terremoto potente em menos de três semanas provocou pânico no Nepal nesta terça-feira, derrubando edifícios já fragilizados pelo primeiro tremor ocorrido no mês passado e matando pelo menos 66 pessoas, incluindo 17 nos vizinhos Índia e Tibet.
A maioria das mortes relatadas aconteceu em vilarejos e cidades ao leste de Katmandu, que mal começavam a se recuperar do sismo de 25 de abril que deixou mais de 8 mil mortos.
O Comando do Pacífico do Exército dos Estados Unidos disse que um helicóptero envolvido nos trabalhos de resgate estava desaparecido, com seis fuzileiros navais e dois soldados nepaleses a bordo.
O epicentro do novo terremoto ocorreu 76 quilômetros a leste da capital nepalesa, em uma área de colinas próxima da fronteira com o Tibet, segundo coordenadas fornecidas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, desencadeando deslizamentos de terra nos vales do Himalaia perto do Monte Everest.
Moradores que viram suas casas desmoronarem disseram que apenas sobreviveram porque já estavam morando em barracas.
Trabalhadores humanitários relataram danos graves em alguns vilarejos na área de Charikot, a mais afetada, e testemunhas disseram ter visto rochas e lama atingindo encostas remotas repletas de estradas e pequenas vilas.
"Nós ainda não temos uma visão clara da dimensão do problema", disse o coordenador de emergência da ONG Médicos Sem Fronteiras, Dan Sermand, que sobrevoou a área e viu vários deslizamentos de terra.
No Nepal, 48 pessoas morreram e 1.176 ficaram feridas, informou o porta-voz da polícia, Kamal Singh Bam. Nos Estados indianos de Uttar Pradesh e Bihar, 17 pessoas morreram, de acordo com um comunicado do Ministério do Interior, enquanto que a mídia chinesa afirmou que uma pessoa morreu no Tibet após o deslizamento de rochas sobre um carro.
Políticos correram para o lado de fora do Parlamento do Nepal e prédios de escritórios balançaram até mesmo no centro de Nova Délhi, na Índia. Os tremores foram sentidos também em Bangladesh e foram seguidos por uma série de réplicas intensas.
Moradores aterrorizados de Katmandu buscaram espaços públicos, temerosos de locais fechados.
"Estou muito assustado e meus dois filhos estão comigo. O prédio da escola está rachado e vi que partes desabaram", disse Rhita Doma Sherpa, enfermeira do Centro Médico Mountain, em Namche Bazaar, ponto de partida de alpinistas que seguem rumo ao Everest. "Estava na hora do almoço e todas as crianças estavam do lado de fora, graças a Deus."
MAIS DANOS
O Nepal começava a reagir à devastação do terremoto de magnitude 7,8 do mês passado, o pior no país em mais de 80 anos, que matou pelo menos 8.046 pessoas e deixou mais de 17.800 feridos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) só conseguiu arrecadar 13 por cento do montante de 423 milhões de dólares que considera necessário para ajudar o Nepal a se recuperar do terremoto de abril, que teve magnitude 7,8. Agentes humanitários disseram que já estavam sofrendo com a falta de material antes do novo terremoto.
Centenas de milhares de edifícios, incluindo antigos templos hindus e budistas, foram destruídos, e um número ainda maior foi danificado. Os alpinistas cancelaram a temporada de escalada do Everest, o maior pico do ano, depois que 18 pessoas morreram em abril em decorrência das avalanches ocasionadas pelo terremoto na montanha.
(Reportagem adicional de Gopal Sharma, em Katmandu; de Rupam Jain Nair, Doug Busvine, Tommy Wilkes, Sanjeev Miglani, Andrew MacAskill e Frank Jack Daniel, em Nova Délhi; e de Dan Williams, em Jerusalém)