Por Jessie Pang e Vivam Tong
HONG KONG (Reuters) - Hong Kong mergulhou no caos novamente nesta quinta-feira, conforme manifestantes protestavam do lado de fora do escritório da secretária de Justiça, bloqueando as vias e obrigando os trabalhadores a saírem, na última agitação a atingir a cidade por conta de uma lei de extradição, que agora foi suspensa.
Milhões de pessoas têm ocupado as ruas nas últimas três semanas para exigir que o projeto de lei, que permitiria que criminosos suspeitos fossem enviados à China para julgamento em tribunais controlados pelo Partido Comunista Chinês, seja descartado por completo.
"Acho que esse movimento é muito bem-sucedido porque desta vez o objetivo é muito claro", disse Ken Yau, um manifestante, delimitando um contraste com o movimento democrático de 2014 em Hong Kong, que paralisou partes do centro financeiro asiático por 79 dias.
"Eu tinha 11 anos quando o Movimento Umbrella aconteceu. Eu só fui para os locais ocupados algumas vezes com minha família."
No forte calor de 32 graus Celsius, alguns manifestantes gritavam: "Retire a lei do mal, solte os mártires ... Teresa Cheng, saia", referindo-se à Secretária de Justiça. Outros gritavam: "Condenem a força excessiva da polícia e liberem os manifestantes."
A polícia formou um cordão de isolamento para bloquear os manifestantes. Pequenas conflitos surgiram entre o grupo pró-democracia Demosisto e as autoridades.
"Luta pela Justiça", "Hong Kong Livre" e "Democracia Agora" foram algumas das demandas estampadas nas faixas dos manifestantes.
O chefe da polícia, Stephen Lo, alertou sobre as conseqüências dos surtos de violência e condenou o que disse ser um ambiente de hostilidade que dificulta a tarefa de seus oficiais.
Nas primeiras horas da madrugada, a tropa de choque empunhando bastões e escudos enfrentou dezenas de manifestantes conforme eles rompiam o cerco da sede da polícia.
Os manifestantes têm aproveitado a reunião de líderes mundiais do G20, no Japão, para apelar para que a situação de Hong Kong seja colocada na agenda, uma medida certeira para incomodar Pequim, que prometeu não tolerar tal discussão.
"Sabemos que o G20 está chegando. Queremos aproveitar esta oportunidade para falar por nós mesmos", disse Jack Cool Tsang, 30, técnico de teatro que tirou um dia de folga do trabalho para protestar.