Por Diego Delgado
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - A população de borboletas-monarcas nas florestas mexicanas, onde elas passam o inverno, caiu nesta temporada para o segundo menor volume da história, oferecendo o vislumbre de um cenário sinistro para os já ameaçados insetos de coloração laranja e preta.
A presença das icônicas borboletas só foi documentada em 2,2 acres de floresta em dois Estados mexicanos onde elas tradicionalmente ficam durante o inverno, apontou o mais recente estudo anual conduzido pela comissão de proteção de áreas naturais do país e pelo grupo ambientalista World Wildlife Fund (WWF) publicado na quarta-feira.
Em meados dos anos 1990, as borboletas-monarcas podiam ser encontradas em cerca de 45 acres das mesmas florestas, cobertas principalmente por pinheiros e abetos na fronteira entre os Estados de Michoacán e México.
Assim, o inverno 2023-2024 marca o segundo com menor população desde o início da pesquisa, há três décadas, e mostrou queda de cerca de 60% desde o ano anterior.
Biólogos culpam as temperaturas mais elevadas do que o normal pela queda, além da seca nos locais onde a borboleta se reproduz, principalmente em Estados do noroeste dos Estados Unidos como Washington, Oregon e Califórnia.
O tempo adverso, intensificado pelas mudanças climáticas, diminui a quantidade de serralhas, planta onde o inseto põe seus ovos e seus filhotes (lagartas) se alimentam.
Em uma das migrações de vida selvagem mais memoráveis do planeta, as borboletas voam por cerca de 4.500 quilômetros de lugares como o norte do Canadá, e passam o inverno no México, local é mais quente procurado por milhões de espécies em busca das árvores que as protegem da chuva e do frio.
"Não podemos baixar a nossa guarda", disse a jornalistas o chefe do escritório mexicano do WWF, Jorge Rickards, ao comentar os dados.
(Reportagem de Diego Delgado; reportagem adicional de Ana Isabel Martinez)