Por Djaffar Al Katanty e Aaron Ross
GOMA, República Democrática do Congo (Reuters) - O saldo de mortes do surto de Ebola que já dura um ano na República Democrática do Congo ultrapassou 2 mil, mostraram dados do governo nesta sexta-feira, enquanto os socorristas lutam para superar a desconfiança das comunidades e os problemas de segurança.
A equipe governamental que supervisiona a reação disse que o número de casos confirmados e prováveis também atingiu o marco de mais de 3 mil, assinalando a segunda pior epidemia do vírus já registrada.
Apesar do desenvolvimento de uma vacina e de tratamentos eficazes, agentes de saúde têm tido dificuldade para controlar a disseminação da doença em áreas remotas e atingidas por conflito no leste do Congo, onde muitos dos moradores desconfiam do esforço de reação.
"Para os tratamentos funcionarem, as pessoas precisam confiar neles e na equipe médica que os administra. Isso exigirá tempo, recursos e muito trabalho duro", disse a Federação Internacional da Cruz Vermelha em um comunicado.
Este é o 10º surto de Ebola no Congo, mas o primeiro nas províncias densamente arborizadas e montanhosas de Kivu do Norte e Ituri, onde a violência das milícias e os assassinatos étnicos minam a segurança de certas áreas há décadas.
Os dados do governo apontaram que as mortes por Ebola chegaram a 2.006, e os casos a 3.004.
No início de agosto, as autoridades se depararam com novas frentes da luta para conter a epidemia, atiçando os temores de que a disseminação da doença possa se acelerar.
Agentes de saúde confirmaram os primeiros casos na província de Kivu do Sul em 16 de agosto. Pouco depois, uma mulher contraiu o vírus em um território remoto de Kivu do Norte controlado por uma milícia, centenas de quilômetros distante de outros casos conhecidos.
"Estamos lutando literalmente com todos os parceiros no local para chegar às pessoas, para encontrar contatos, para identificar casos o mais cedo possível", explicou Christian Lindmeier, porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS) na terça-feira.
Na semana passada, a OMS expressou preocupação com o alcance geográfico crescente da doença, mas confirmou que o vírus não se estabeleceu na grande cidade de Goma, apesar de quatro casos terem sido registrados ali em julho e no início de agosto.
(Reportagem adicional de Stephanie Nebehey, em Genebra)