Por Michelle Nichols
NOVA YORK (Reuters) - O número de pessoas forçadas a fugir de suas casas devido a conflitos, perseguições e abusos dos direitos humanos dobrou na última década, chegando a 82,4 milhões no final do ano passado, informou a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira.
"No ano da Covid, em um ano em que a movimentação era praticamente impossível para a maioria de nós... mais 3 milhões de pessoas foram deslocadas à força", disse o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, à Reuters.
Quase 70% das pessoas afetadas são de apenas cinco países --Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar--, de acordo com o relatório anual sobre deslocamento forçado da agência da ONU para refugiados, Acnur .
"Infelizmente, as tendências continuaram. Portanto, se tivéssemos que trabalhar para atualizar os números... nos primeiros seis meses de 2021 provavelmente veríamos um novo aumento", disse Grandi. Cerca de 42% dos deslocados eram crianças.
Ele afirmou que o aumento de pessoas deslocadas de suas casas foi parcialmente alimentado por novos pontos de crise, incluindo o norte de Moçambique, a região do Sahel na África Ocidental e o Tigré da Etiópia, junto com a intensificação de conflitos de longa duração no Afeganistão e na Somália.
A ONU também está se preparando para um provável deslocamento de civis no Afeganistão depois que as tropas norte-americanas e de outros países deixarem o local em setembro, disse Grandi no início desta semana.
Em meio a um aumento do populismo e do nacionalismo na política global, Grandi pediu aos líderes mundiais que "parem de demonizar as pessoas" que são forçadas a se mudar.
A vasta maioria das pessoas refugiadas do mundo –--quase nove em cada dez (ou 86%)-- estão acolhidas em países vizinhos às crises e que são de renda baixa ou média. Os países menos desenvolvidos acolheram 27% deste total.
Pelo sétimo ano consecutivo, a Turquia abriga a maior população de refugiados no mundo (3,7 milhões de pessoas), seguida pela Colômbia (1,7 milhão, incluindo venezuelanos deslocados fora do seu país), Paquistão (1,4 milhão), Uganda (1,4 milhão) e Alemanha (1,2 milhão), segundo o relatório.