WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ao Congresso nesta terça-feira que planeja retirar Cuba da lista norte-americana de Estados patrocinadores do terrorismo, removendo um grande obstáculo para restabelecer as relações diplomáticas e reabrir embaixadas após mais de meio século de inimizade.
A decisão de Obama ocorre depois da Cúpula das Américas no Panamá, onde ele e o presidente de Cuba, Raúl Castro, se encontraram no sábado na primeira reunião do tipo entre líderes norte-americano e cubano em quase 60 anos.
O governo comunista de Cuba exigiu a remoção do país da lista negra dos EUA para avançar nos esforços para normalizar as relações entre os dois ex-inimigos da Guerra Fria. Obama ordenou uma revisão da presença de Cuba na lista depois que ele e Raúl anunciaram um avanço nos laços diplomáticos em 17 de dezembro.
"Depois de uma cuidadosa revisão do histórico de Cuba, que foi informado pela comunidade de inteligência, bem como garantias fornecidas pelo governo cubano, o secretário de Estado concluiu que Cuba reunia as condições para a rescisão de sua designação como um Estado patrocinador do terrorismo", anunciou a Casa Branca em comunicado.
O Congresso tem 45 dias para considerar a decisão de Obama antes de entrar em vigor, e é altamente improvável que parlamentares bloqueiem a medida.
A retirada de Cuba da lista irá remover certas sanções econômicas contra a ilha, mas o mais amplo embargo dos EUA à nação permanecerá em vigor porque só o Congresso norte-americano pode acabar com a restrição.
"Vamos continuar a ter diferenças com o governo cubano, mas nossas preocupações com uma ampla gama de políticas e ações de Cuba não se enquadram nos critérios sobre se é relevante rescindir a designação de Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo", disse a Casa Branca.
Washington colocou Cuba na lista em 1982, citando as atividades de treinamento e armamento de rebeldes comunistas pelo então presidente Fidel Castro na África e na América Latina. Mas a presença de Cuba na lista tem sido questionada nos últimos anos.
Em seu relatório ao Congresso, Obama certificou que "o governo de Cuba não forneceu qualquer apoio ao terrorismo internacional durante o período de seis meses anteriores" e "deu garantias de que não apoiará atos de terrorismo internacional no futuro."
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que "as circunstâncias mudaram desde 1982", quando Cuba foi incluída na lista "por causa de seus esforços para promover a revolução armada por forças na América Latina. O nosso hemisfério e o mundo parecem bem diferentes hoje do que há 33 anos".
(Reportagem de Matt Spetalnick, Roberta Rampton e Julia Edwards)