Por Roberta Rampton
SAN FRANCISCO (Reuters) - O presidente norte-americano, Barack Obama, disse nesta sexta-feira que o tiroteio numa igreja da comunidade negra na Carolina do Sul expôs a "praga" do racismo ainda presente nos Estados Unidos e protestou contra os críticos que o acusavam de politizar uma tragédia para falar sobre leis mais rígidas de controle de armas.
Obama, que discursou durante uma Conferência de Prefeitos, afirmou que o assassinato de nove pessoas numa igreja histórica afro-americana em Charleston mostra a necessidade de intensificar a vigilância contra o racismo.
"As motivações aparentes do atirador nos lembram que o racismo continua sendo uma praga que temos de combater juntos", disse Obama.
Mas ele lembrou outros tiroteios recentes, como o ocorrido numa escola em Newtown, Connecticut, e num cinema em Aurora, no Colorado, para defender a necessidade de reformas nas leis de armas, um assunto politicamente preocupante em um país cuja Constituição garante o direito de possuir armamentos.
"Nós devemos ser capazes de falar sobre este assunto como cidadãos, sem demonizar todos os proprietários de armas que são esmagadoramente cumpridores da lei, mas também sem sugerir que qualquer debate sobre isso envolverá um complô desesperador para tirar as armas de todo mundo", disse o presidente.
Obama já defendeu controles mais rígidos sobre as armas após os assassinatos numa escola em Newton em 2012, mas o esforço foi frustrado pelo poder político do lobby das armas e não conseguiu convencer o Congresso.
Ao destacar que mais de 11.000 norte-americanos foram mortos pela violência armada em 2013, Obama reconheceu que suas propostas "não teriam evitado cada ato de violência", mas teriam impedido alguns deles.
"Não vemos assassinatos neste tipo de escala, com este tipo de frequência, em qualquer outra nação avançada na Terra", disse ele.
"Cada país tem pessoas violentas, odiosas ou mentalmente instáveis. O que é diferente é que nem todos os países são inundados com armas de fácil acesso", afirmou.
Obama reconheceu que é improvável que o Congresso trabalhe em novas leis de segurança de armas no futuro próximo, mas disse acreditar que a opinião pública, eventualmente, vai mudar e obrigar os parlamentares a agir.
(Reportagem adicional de Ayesha Rascoe, Julia Edwards e Susan Cornwell)