Obama ordena expulsões e sanções contra Rússia por interferência nas eleições

Publicado 29.12.2016, 20:09
Obama ordena expulsões e sanções contra Rússia por interferência nas eleições

Por Jeff Mason e Lesley Wroughton

HONOLULU/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou nesta quinta-feira a expulsão de 35 supostos espiões russos e impôs sanções sobre duas agências de inteligências russas pelo envolvimento em hackear grupos políticos norte-americanos durante as eleições presidenciais deste ano.

As medidas, tomadas nos últimos dias do governo de Obama, marcam um novo momento de baixa nas relações entre os EUA e a Rússia, laços que vinham se deteriorando por conta de divergências sérias sobre a Ucrânia e a Síria.

"Essas ações se dão depois de repetidos alertas privados e públicos que nós demos ao governo russo e são uma resposta necessária e apropriada aos esforços para prejudicar os interesses dos EUA, violando as normas de comportamento internacional estabelecidas”, disse Obama, em comunicado, do Havaí, durante suas férias.

Não ficou imediatamente claro se o presidente eleito Donald Trump, que já elogiou várias vezes o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e escolheu pessoas vistas como amigáveis em relação a Moscou para importantes cargos no seu governo, buscará reverter as medidas quando assumir a Presidência em 20 de janeiro.

Segundo uma autoridade norte-americana, Trump pode reverter a ordem executiva de Obama e permitir que autoridades russas voltem aos Estados Unidos quando assumir, mas isso seria desaconselhável.

Não há razão para acreditar que a Rússia deixará de interferir nas eleições dos Estados Unidos e de outros países, disseram autoridades do governo Obama em uma conferência telefônica após o presidente ter anunciado as sanções.

"Nós acreditamos que esses passos são importantes porque a Rússia não vai parar", disse uma autoridade. "Nós temos toda a indicação de que eles irão interferir em eleições democráticas em outros países, incluindo alguns de nossos aliados europeus."

FREIO

Obama está buscando impedir a Rússia e outros governos estrangeiros de usarem ciberataques no futuro para interferir na política norte-americana, disseram ex-autoridades e especialistas no tema.

O presidente norte-americano tem enfrentado crescente pressão dentro do seu próprio governo e de parlamentares dos dois partidos para responder com mais força aos ciberataques, que incluíram o vazamento de emails de operadores do Partido Democrata, o que se tornou parte da cobertura da imprensa sobre a campanha para as eleições presidenciais de 8 de novembro.

O Ministério do Exterior russo declarou que as sanções eram contraproducentes e prejudicariam a restauração dos laços bilaterais. Moscou nega as alegações sobre hackeamento.

Obama puniu duas agências de inteligência russas, a GRU e a FSB, quatro agentes da GRU e três companhias que teriam fornecido apoio material para as operações da GRU.

Obama afirmou que o Departamento de Estado declarou “persona non grata” 35 operadores de inteligência russos e está fechando instalações em Nova York e Maryland que eram usadas por pessoal russo para “propósitos relacionados à inteligência”. O Departamento de Estado disse originalmente que os 35 eram diplomatas.

Uma importante autoridade norte-americana afirmou à Reuters que a medida afetaria a embaixada russa em Washington e o consulado do país em San Francisco.

Os russos têm 72 horas para deixar os EUA, disse a autoridade. Acesso às duas instalações, que são usadas pelos russos para coleta de inteligência, será negado a todos os representantes russos a partir do meio-dia de sexta-feira, acrescentou a autoridade.

© Reuters. Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin

"Essas ações são tomadas para responder à intimidação russa a diplomatas norte-americanos e a ações dos diplomatas que avaliamos que não são consistentes com a prática diplomática”, afirmou a autoridade.

O Departamento de Estado reclama há muito tempo que agentes de segurança russos e policiais de trânsito intimidam diplomatas norte-americanos em Moscou, e o secretário de Estado, John Kerry, levantou o tema com Putin e com o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov.

(Reportagem adicional de Dustin Volz e Yeganeh Torbati, em Washington, e Katya Golubkova e Svetlana Reiter, em Moscou)

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