BEIRUTE (Reuters) - Um ataque apoiado pelos Estados Unidos para expulsar o Estado Islâmico de Raqqa, sua capital na Síria, matou mais de 1.600 civis, 10 vezes mais do que a própria coalizão admitiu, disseram a Anistia Internacional e o grupo de monitoramento Airwars nesta quinta-feira.
A Anistia e o Airwars, grupo sediado em Londres e criado em 2014 para monitorar o impacto da campanha liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico, passou 18 meses pesquisando mortes de civis, incluindo dois meses em Raqqa, disseram.
"Nossa descoberta conclusiva depois de tudo isto é que a ofensiva militar da coalizão liderada pelos EUA (forças norte-americanas, britânicas e francesas) causou diretamente mais de 1.600 mortes de civis em Raqqa".
Eles disseram que os casos que documentaram provavelmente equivalem a violações da lei humanitária internacional e pediram que os membros das coalizão criem um fundo para compensar as vítimas e suas famílias.
Em resposta ao relatório, a coalizão disse que adota "todas as medidas sensatas para minimizar as baixas civis" e que ainda existem alegações que está investigando.
"Qualquer perda acidental de vidas durante a derrota do Daesh é trágica", disse Scott Rawlinson, porta-voz da coalizão, em um comunicado enviado por email no final da quinta-feira pelo horário local, usando uma abreviatura em árabe do Estado Islâmico.
"Entretanto, precisa ser contrabalançada com o risco de permitir que o Daesh continue com atividades terroristas, causando sofrimento e perda a qualquer um que escolherem", acrescentou.
O Estado Islâmico tomou Raqqa no início de 2014, durante seu avanço relâmpago pela Síria e pelo Iraque, e fundou um autoproclamado califado caracterizado pela execução sumária de oponentes.
(Por Angus McDowall; reportagem adicional de Idrees Ali em Washington)