Por Robin Emmott e David Brunnstrom
BRUXELAS/WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá impuseram sanções a autoridades chinesas na segunda-feira devido a abusos de direitos humanos em Xinjiang, a primeira ação coordenada ocidental do tipo contra Pequim no governo do novo presidente norte-americano, Joe Biden.
Pequim reagiu imediatamente adotando medidas punitivas contra a UE que pareceram mais amplas, incluindo parlamentares, diplomatas, institutos e famílias e proibindo suas empresas de fazerem negócios com a China.
Governos ocidentais estão tentando responsabilizar Pequim pelas detenções em massa de muçulmanos uigures no noroeste da China, onde os EUA dizem que a nação asiática está cometendo genocídio.
A China nega todas as acusações de abuso.
O esforço coordenado pareceu ser um fruto precoce de uma iniciativa diplomática orquestrada dos EUA para confrontar a China com apoio de aliados, um elemento central da política que Biden ainda está elaborando para a China.
Autoridades norte-americanas de alto escalão dizem estar em contato diário com governos da Europa para tratar de assuntos relacionados à China, algo que classificam de "espetáculo itinerante da Europa".
"Em meio ao repúdio internacional crescente, (a China) continua a cometer genocídio e crimes contra a humanidade em Xinjiang", disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em um comunicado antes de reuniões com ministros da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte, (Otan) em Bruxelas nesta semana.
O Ministério das Relações Exteriores do Canadá disse: "Indícios crescentes apontam para violações de direitos humanos sistemáticas das autoridades chinesas."
Ativistas e especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) dizem que ao menos um milhão de muçulmanos estão detidos em campos de Xinjiang. Os ativistas e alguns políticos ocidentais acusam a China de usar tortura, trabalho forçado e esterilizações.
Já Pequim diz que os campos oferecem treinamento vocacional e que são necessários para se combater o extremismo.
A decisão dos EUA e de seus aliados veio na esteira de dois dias de conversas entre autoridades norte-americanas e chinesas na semana passada que explicitaram as tensões entre as duas maiores economias do mundo.
(Reportagem adicional de Stephanie van den Berg em Haia, Sabine Siebold em Berlim, Michael Martina em Washington, Alistair Smout em Londres, Michelle Nichols em Nova York e da redação de Pequim)