Por Vivian Sequera e Deisy Buitrago
CARACAS (Reuters) - A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou na terça-feira uma resolução que pede a aplicação da Carta Democrática à Venezuela para suspender o país do organismo multilateral.
A resolução foi aprovada por 19 votos favoráveis e 4 contrários. Onze países se abstiveram, segundo a contagem anunciada pela Presidência da Assembleia-Geral da entidade, que foi transmitida ao vivo pelo organismo em seu site.
O texto aprovado contou com o apoio de países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia, México e Peru, que, nos discursos feitos por seus representantes antes de votarem, disseram que a eleição de 20 de maio que reelegeu o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "carece de legitimidade" e descumpriu os padrões internacionais.
Diante destas alterações das normas democráticas, disseram alguns dos chanceleres na reunião ao explicarem seu respaldo à resolução, se faz necessário realizar uma assembleia para votar a suspensão da Venezuela da entidade, da qual Caracas anunciou em abril de 2017 sua saída, que se concretizará no mesmo mês de 2019.
Ainda não há uma data exata para essa votação.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, qualificou a decisão como uma "vitória para a liberdade" e acrescentou que seu país estará junto do povo da Venezuela.
"O regime de Maduro reprime seu povo, nega a ajuda humanitária e realiza eleições falsas", escreveu Pence em sua conta de Twitter.
Após a resolução da OEA, o governo equatoriano, que havia evitado se pronunciar sobre as eleições na Venezuela, propôs realizar uma consulta popular na qual se decida referendar os resultados da votação venezuelana ou convocar um novo processo eleitoral no curto prazo.
"O Equador tem a convicção de que a legitimidade das últimas eleições na Venezuela só pode ser determinada pelos cidadãos", disse Quito em um comunicado publicado no Twitter. "Esta consulta deve oferecer garantias de transparência e participação a todos os venezuelanos".
Uma suspensão da Venezuela seria um gesto principalmente político, mas alguns críticos e analistas disseram que sua saída da OEA isolaria ainda mais Caracas em meio à pressão crescente das sanções de vários países.
O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse na reunião que tudo foi "uma fraude" planejada pelos EUA. "Esta aprovação dá carta branca para os Estados Unidos continuarem agredindo a Venezuela", afirmou o funcionário.
O representante norte-americano na OEA, Carlos Trujillo, disse que as sanções de Washington são principalmente contra indivíduos e que não afetaram as exportações de petróleo do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).