Por Patient Ligodi
KINSHASA (Reuters) - Casos de febre hemorrágica foram relatados em uma área do Congo que está enfrentando uma epidemia de Ebola ainda em dezembro, e as primeiras mortes foram comunicadas em janeiro, disse um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) na capital Kinshasa nesta quinta-feira, enquanto quatro novos casos foram registrados.
Na terça-feira o Ministério da Saúde disse que ao menos 17 pessoas morreram em uma área do nordeste da República Democrática do Congo, onde autoridades de saúde agora confirmaram um surto de Ebola, embora não tenha informado uma cronologia.
Só dois casos foram confirmados como Ebola por um laboratório de Kinshasa.
Um intervalo de até cinco meses desde a primeira infecção seria alarmante por dar ao vírus um período inicial de contaminação de muitas pessoas antes de se adotar qualquer ação para contê-lo. Até agora a epidemia parece se concentrar nos arredores do vilarejo de Ikoko Impenge, perto da cidade de Bikoro.
Serge Ngaleto, diretor do principal hospital de Bikoro, disse que recebeu quatro novos casos suspeitos na quinta-feira, incluindo duas enfermeiras que trataram outras que apresentavam sintomas.
"Após o contato, as enfermeiras começaram a mostrar sintomas", disse Ngaleto à Reuters por telefone. "Nós as isolamos."
Isso levaria o número total de pessoas a relatar sintomas para 25, dos quais pelo menos 17 morreram até agora.
Esta é a nona vez em que o Ebola foi registrado na vasta nação cheia de florestas do centro da África desde que a doença foi identificada perto do rio Ebola, situado no leste do país, nos anos 1970. O surto ocorre menos de um ano depois de outro que matou quatro pessoas nas florestas remotas do nordeste congolês. "De acordo com nossas informações iniciais, os casos vêm sendo relatados desde dezembro e as primeiras mortes foram relatadas em janeiro, mas o elo entre as mortes e a epidemia ainda não foi estabelecido", disse o porta-voz da OMS para o Congo, Eugene Kabambi, à Reuters.
O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira que enviou uma equipe de 12 especialistas à área para tentar rastrear novos contatos da doença, identificar o epicentro e todos os vilarejos afetados e providenciar recursos.
"Esta equipe avançada trouxe as primeiras levas de equipamento, a maioria contendo testes de diagnóstico rápido para o vírus do Ebola e termômetros a laser", disse o comunicado do ministério. A pasta acrescentou que a equipe já chegou à capital regional, Mbandaka, localizada a cerca de 150 quilômetros da área afetada.
O Ebola é mais conhecido e mais temido pelo sangramento interno e externo que pode causar em suas vítimas, devido a danos causados aos vasos sanguíneos. As vítimas muitas vezes morrem de choque, mas os sintomas podem ser vagos, incluindo febre, dores musculares, diarréia e náusea. A pior epidemia de Ebola da história terminou na África Ocidental pouco mais de dois anos atrás depois de matar mais de 11.300 pessoas e infectar 28.600 na Guiné, Serra Leoa e Libéria.