Madri, 21 mai (EFE).- A ONG espanhola Salud por Derecho, em parceria com outras organizações, iniciou a campanha mundial "Nadie" (ou "Ninguém", em português), com ênfase nos países da América Latina e do Caribe, para alertar sobre a falta de financiamento e a diminuição da ajuda internacional para lutar contra a Aids nos países de renda média.
A campanha exige a governos e doadores o cumprimento das obrigações no combate ao HIV nesses países, onde vivem mais de 50% das pessoas que têm o vírus.
Ao contrário do que se pensa, a maior parte dos pacientes não está em países pobres, mas a falta de financiamento já afeta regiões com renda média, como o Leste europeu e a Ásia Central, segundo explicou a organização em comunicado divulgado nesta segunda-feira. Nessas áreas, as novas infecções aumentaram 60% entre 2010 e 2015, coincidindo com a retirada de fundos internacionais, o que "ameaça agora à América Latina e o Caribe", a quarta região mais afetada do mundo pelo vírus, com "mais de 2 milhões de pessoas vivendo com HIV".
De fato, as novas infecções entre adultos, após uma queda de 20% na década anterior, cresceram 3% na América Latina e 9% no Caribe entre 2010 e 2015, de acordo com a ONG. Só no Panamá, onde a campanha já começou, as novas infecções por HIV aumentaram 20% e as mortes relacionadas à Aids, 9% desde 2010".
Os mais afetados pela diminuição de financiamento e pela saída dos doadores nestas regiões são, segundo a organização, os grupos de populações mais vulneráveis: trabalhadores do sexo, usuários de drogas injetáveis, população transgênero, homens homossexuais, presos e indígenas. Estes grupos de risco sofrem uma "grave violação dos seus direitos", são criminalizados, estigmatizados e sem leis de proteção, o que provoca "uma vulnerabilidade acrescentada", que dificulta o acesso aos programas de prevenção e tratamento, conforme a organização.
De acordo com a Salud por Derecho, o financiamento internacional contra o HIV chegou ao nível mais baixo desde o ano 2010 e isto representa a necessidade de aumentar o apoio vindo dos governos locais, pois as ações feitas não estão sendo suficientes.