Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - A principal agência das Nações Unidas para os palestinos disse na quarta-feira que estava fazendo um bom progresso na distribuição de vacina contra a poliomielite para crianças em Gaza, mas pediu um cessar-fogo permanente na guerra de 11 meses para aliviar o sofrimento humanitário.
A UNRWA afirmou que, após três dias de campanha em áreas da região central de Gaza, cerca de 187.000 crianças receberam a vacina. A campanha será levada a outras áreas do enclave na segunda etapa.
A campanha foi desencadeada pela descoberta de um caso de pólio em um bebê no mês passado, o primeiro em Gaza em 25 anos. Israel e os militantes do Hamas concordaram em fazer pausas diárias de oito horas nos combates em áreas pré-especificadas para permitir o programa de vacinação. Não foram registradas violações.
"Grande progresso! Todos os dias, nas áreas centrais de Gaza, mais crianças estão recebendo vacinas contra a poliomielite", disse o chefe da agência de ajuda global, Philippe Lazzarini, no X nesta quarta-feira.
"Embora essas ´pausas´ da pólio estejam dando um pouco de descanso às pessoas, o que é urgentemente necessário é um cessar-fogo permanente, a libertação de todos os reféns + o fluxo normal de suprimentos humanitários, incluindo suprimentos médicos e de higiene", afirmou ele.
Os palestinos dizem que uma das principais razões para o retorno da pólio é o colapso do sistema de saúde e a destruição da maioria dos hospitais de Gaza. Israel acusa o Hamas de usar os hospitais para fins militares, o que o grupo islâmico nega.
Na terça-feira, a COGAT, agência do Ministério da Defesa israelense encarregada de coordenar as entregas de ajuda aos territórios palestinos, disse que, desde o início da guerra, facilitou a entrada de 282.126 frascos da vacina contra a pólio, o suficiente para 2.821.260 pessoas.
O órgão também disse em um comunicado que aproximadamente 554.512 frascos de vacinas entraram na Faixa de Gaza, o que é suficiente para 4.973.736 vacinas individuais para várias doenças e possíveis epidemias na Faixa de Gaza.
Gaza tem uma população de cerca de 2,3 milhões de pessoas.
Apesar do sucesso da campanha contra a poliomielite, os esforços diplomáticos para garantir um cessar-fogo permanente, libertar os reféns mantidos em Gaza e devolver muitos palestinos presos por Israel fracassaram.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu na segunda-feira que as tropas israelenses permaneceriam no corredor Filadélfia, na extremidade sul de Gaza, um dos principais pontos de atrito para se chegar a um acordo.
O Hamas, que quer que qualquer acordo para acabar com a guerra inclua a saída de todas as forças israelenses de Gaza, diz que essa condição, entre outras, impediria um acordo. Netanyahu diz que a guerra só pode terminar quando o Hamas for erradicado.