GENEBRA (Reuters) - As forças de segurança de Honduras, especialmente a polícia militar, usaram força excessiva e letal contra manifestantes que protestavam contra a contestada reeleição do presidente Juan Orlando Hernández em novembro, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira.
As forças de segurança mataram a tiros ao menos 16 pessoas, incluindo duas mulheres e duas crianças, de no mínimo 23 pessoas que se sabe terem morrido durante os protestos, afirmou o alto comissariado de Direitos Humanos da ONU em um relatório.
"Estes casos provocam dúvidas sérias e podem equivaler a execuções extrajudiciais", disse o relatório, especificando que sete pessoas morreram devido a tiros na cabeça.
"Uma análise do tipo de ferimentos sofridos pelas vítimas indica que as forças de segurança fizeram uso letal intencional de armas de fogo, inclusive para além de propósitos dissuasivos ou de legítima defesa, como quando os manifestantes estavam fugindo."
Hernández, um conservador apoiado pelos Estados Unidos, parecia a caminho de perder a eleição de 26 de novembro até que uma interrupção repentina na contagem de votos e uma mudança posterior nos resultados tiraram a vitória de seu rival de centro-esquerda, Salvador Nasralla.
As alegações de fraude desencadearam protestos, mas o desfecho acabou sendo ratificado pelo tribunal eleitoral do país, e México e EUA o aceitaram.
O alto comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra’ad al-Hussein, disse em um comunicado que é provável que as coisas piorem a menos que Honduras indicie pessoas pelos assassinatos.
"A situação já frágil dos direitos humanos em Honduras, que sofre com níveis elevados de violência e insegurança, provavelmente se deteriorará ainda mais a menos que exista uma responsabilização verdadeira das violações de direitos humanos, e reformas sejam feitas para abordar a polarização política e social no país".
(Por Tom Miles)