Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - As forças de segurança de Mianmar expulsaram brutalmente meio milhão de muçulmanos rohingyas de Rakhine, Estado do norte do país e incendiaram suas casas, lavouras e vilarejos para evitar que eles retornem, disse o escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira.
Jyoti Sanghera, diretora do escritório de direitos humanos da ONU para a região da Ásia-Pacífico, pediu à líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, que "detenha a violência", e expressou temor de que os refugiados rohingyas apátridas sejam aprisionados se voltarem de Bangladesh.
"Se vilarejos foram completamente destruídos e as possibilidades de sustento foram destruídas, o que tememos é que eles possam ser encarcerados ou detidos em campos", disse ela em um boletim à imprensa.
Em um relatório baseado em 65 entrevistas com rohingyas que chegaram a Bangladesh no último mês, a entidade disse que "operações de liberação" começaram antes dos ataques de insurgentes rohingyas a postos da polícia em 25 de agosto e que incluíram assassinatos, tortura e estupro de crianças.
O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein --que descreveu as operações do governo como "um exemplo didático de faxina étnica"-- disse em um comunicado que as ações parecem ser "uma manobra cínica para transferir um grande número de pessoas à força sem possibilidade de retorno".
"Informações confiáveis indicam que as forças de segurança de Mianmar destruíram propositalmente a propriedade dos rohingyas, incendiaram suas habitações e vilarejos inteiros do Estado de Rakhine, no norte, não somente para expulsar a população aos montes, mas também para evitar que as vítimas rohingyas em fuga voltassem para suas casas", disse o relatório.