Por Brian Ellsworth e Corina Pons
CARACAS (Reuters) - O banco de desenvolvimento da América Latina CAF e a Organização das Nações Unidas buscam financiamento ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para melhorar o fornecimento de eletricidade no país que sofre com apagões crônicos, informaram as duas instituições à Reuters.
Os parlamentares no Congresso da Venezuela propuseram um mecanismo de financiamento sob o qual o CAF forneceria 350 milhões de dólares para a execução de melhorias no setor de energia, que está em dificuldades, com o Programa de Desenvolvimento da ONU realizando investimentos.
Mas a proposta criou uma profunda divisão na oposição do país, entre os que dizem que a proposta fornecerá assistência humanitária e os que se opõem a ela, porque vai proporcionar novo financiamento ao governo de Maduro --que é amplamente acusado de corrupção e má administração.
"O projeto é um empréstimo do CAF à República Bolivariana da Venezuela, solicitado pelo Ministério das Finanças e que precisa ser aprovado pela Assembleia Nacional", escreveu uma autoridade da ONU em resposta por email a perguntas da Reuters.
O CAF, também em resposta por email, confirmou que o empréstimo será destinado ao governo da Venezuela.
Nenhum recurso seria transferido para as autoridades elétricas estaduais, disse a autoridade da ONU, e o mecanismo de financiamento possui um sistema de fiscalização "para garantir que os recursos sejam usados apenas para esse propósito".
Embora o valor seja relativamente baixo, sua aprovação pode abrir caminho para Maduro receber financiamento internacional adicional no futuro. Isso poderia acabar com os efeitos das sanções dos Estados Unidos, que impedem os cidadãos norte-americanos de emprestar dinheiro a Maduro como parte de um esforço para tirá-lo do poder.
O esboço do projeto de lei da proposta não descreve as condições financeiras do empréstimo, que geralmente são fornecidas ao Legislativo antes da aprovação desse tipo de financiamento.
O Ministério da Informação da Venezuela, que responde a perguntas em nome do Ministério das Finanças, não respondeu a um email pedindo comentários.
Apagões crônicos em todo o país têm minado o funcionamento de tudo, desde o comércio de rotina até as salas de emergência dos hospitais. O Estado ocidental de Zulia é um destaque negativo entre as áreas atingidas, com os cidadãos ficando muitas vezes 12 horas sem energia.
Durante anos, críticos vêm denunciando a corrupção generalizada na administração do setor de energia pelo Partido Socialista.
O governo de Maduro nega o uso indevido de recursos e culpa a sabotagem da oposição pelos problemas energéticos.
Não ficou imediatamente evidente se ou como as sanções norte-americanas se aplicariam à proposta em questão.
O Tesouro dos EUA não respondeu de imediato a um email solicitando comentários.
(Reportagem adicional de Mayela Armas)