Por Isla Binnie
NOVA YORK, 24 de (Reuters) - A primeira reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a água em quase meio século chegou ao fim nesta sexta-feira, com a esperança de estimular o ímpeto político e o temor de que muito pouco está sendo feito para enfrentar a pressão hídrica crônica em todo o mundo.
Não existe um acordo vinculativo internacional para a água como o alcançado para o clima em Paris em 2015, ou uma estrutura como a estabelecida para proteger a natureza em Montreal no ano passado, apesar dos terríveis alertas sobre os riscos que a humanidade enfrenta se recursos hídricos não forem mais bem administrados.
Quase 700 grupos, incluindo governos estaduais e locais, grupos sem fins lucrativos e algumas empresas apresentaram planos relacionados à água antes e durante a conferência desta semana em Nova York. Os projetos variaram desde o investimento em agricultura "inteligente para o clima" e restauração de áreas úmidas na bacia do rio Níger, até o mapeamento do sistema hídrico em Haia, na Holanda.
A ONU agora revisará esses planos antes de outra reunião em julho, disse o enviado especial holandês às Nações Unidas, Henk Ovink.
"Isso é suficiente? Não... Nós fragmentamos a governança da água em todo o mundo, fragmentamos as finanças e não temos ciência e dados suficientes", disse Ovink, cujo país co-organizou a conferência. "Esta conferência é o início de um efeito cascata em todo o mundo."
Cerca de 30% dos planos apresentados pareciam impactantes e indicavam financiamento, disse Charles Iceland, diretor global interino de recursos hídricos do World Resources Institute (WRI).
"Cada compromisso voluntário tem um espaço em que você fala sobre quanto dinheiro está disponível, a maioria deles deixou isso em branco", disse Iceland.
"A água é a principal forma de impacto do clima na sociedade, por isso precisamos ter pelo menos uma discussão anual sobre isso", acrescentou Iceland, incluindo na discussão a necessidade um acordo vinculante global, bem como acordos nacionais e regionais em casos em que bacias hidrográficas cruzam fronteiras nacionais.
(Reportagem de Isla Binnie)