Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A polícia da Rússia parece ter usado força excessiva contra manifestantes no final de semana, supostamente ferindo mais de 70, e pode ter violado o direito básico à liberdade de expressão, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.
O porta-voz de direitos humanos da ONU, Rupert Colville, questionou a desqualificação de 57 candidatos opositores ou independentes da eleição municipal de Moscou, o que causou o protesto em massa.
A polícia russa deteve mais de mil pessoas em Moscou no sábado, durante uma das maiores operações de repressão dos últimos anos contra uma oposição cada vez mais desafiadora que critica o controle rígido do presidente Vladimir Putin.
"Estamos receosos porque a polícia russa parece ter usado força excessiva contra os manifestantes durante a manifestação no centro de Moscou no sábado", disse Colville em um boletim.
"Quando se controla as multidões na Rússia, como em qualquer lugar, o uso da força por parte da polícia deveria ser sempre proporcional à ameaça, se houver uma, e só deveria ser empregado em último caso".
As autoridades da Rússia deveriam permitir que as pessoas se organizem e participem de assembleias pacíficas sem restrições, acrescentou.
Alguns manifestantes foram libertados, mas 79 receberam multas variando entre 10 mil e 150 mil rublos, e 40 foram condenados a penas de 3 a 15 dias de prisão, informou Colville.
O escritório de direitos humanos da ONU ficou preocupado com relatos segundo os quais algumas pessoas sob custódia não tiveram acesso a advogados, ou a alimentos e água, disse Colville, observando que estes são direitos básicos garantidos por leis internacionais ratificadas pela Rússia.
Quanto à decisão da comissão de desqualificar candidatos devido à suposta falsificação de assinaturas de eleitores, ele disse: "A questão aqui é se todos estes 57 candidatos realmente deveriam ter sido excluídos, se é irrefutável que estas assinaturas foram forjadas".
"E o fato de que eram todos candidatos opositores ou independentes alimentou entre os manifestantes a ideia de que certamente algo aqui não está correto".