GENEBRA (Reuters) - As Nações Unidas disseram nesta quinta-feira que estavam lutando para alcançar os sudaneses afetados por conflito para evitar um desastre humanitário, em uma busca dificultada pela insegurança, interferência das partes em conflito e falta de apoio internacional.
"Precisamos alcançar 18 milhões de pessoas e não desistiremos dessa meta, mas precisamos de mais apoio internacional, melhor acesso às pessoas que precisam de nós e segurança para nossas operações", disse Clementine Nkweta-Salami, representante especial adjunta do secretário-geral da ONU e coordenadora residente e humanitária no Sudão.
"Neste momento, não estamos conseguindo realizar uma operação que seja proporcional à escala (de necessidades)", afirmou ela.
O conflito entre o Exército sudanês e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) eclodiu em meados de abril, provocando uma grave crise humanitária e levando o país à beira de uma guerra civil.
Mais de 4,2 milhões de pessoas fugiram de suas casas, e cerca de 1,2 milhão migraram para os países vizinhos, exercendo enorme pressão sobre os escassos recursos do Sudão.
Nkweta-Salami disse que 19 trabalhadores humanitários foram mortos e 29 ficaram feridos desde o início dos combates, o que, segundo ela, é inaceitável e ilegal.
A burocracia dificulta a distribuição de ajuda humanitária, e um apelo humanitário de 2,6 bilhões de dólares à comunidade internacional para ajudar o povo do Sudão foi financiado em apenas um terço, segundo ela.
"Também precisamos ver o fim da interferência das partes em conflito em nossas operações, incluindo verificações forçadas de caminhões humanitários e presença militar obrigatória durante o processo de carregamento em Porto Sudão e Jazeera", disse ela.
"Espero que haja uma ação rápida para reduzir os obstáculos burocráticos, incluindo atrasos na aprovação de vistos para os funcionários, conforme prometido pelas autoridades sudanesas em uma reunião de doadores ontem."
(Reportagem de Gabrielle Tétrault-Farber)