Por Vivian Sequera e Mayela Armas
CARACAS (Reuters) - Ao som de uma bateria de samba e jingles cativantes, a candidata de oposição venezuelana Mirlenys Palacios fez campanha com dezenas de apoiadores nas ruas estreitas de um bairro nas colinas de Caracas, algo impensável no passado recente.
A oposição da Venezuela boicotou as eleições do país sul-americano nos últimos quatro anos, argumentando que uma votação justa é impossível devido às fraudes eleitorais e à intimidação de gangues violentas leais ao presidente de esquerda Nicolás Maduro, conhecidas como coletivos.
Mas, frustrados ao ver que as sanções dos Estados Unidos não derrubam Maduro e encorajados pela presença de observadores eleitorais da União Europeia, os principais partidos de oposição decidiram voltar às cédulas.
As eleições de domingo determinarão mais de três mil cargos locais, incluindo 23 governadores, prefeitos e membros de conselhos municipais, e cerca de 21 milhões de venezuelanos estão aptos a votar.
Guarataro, um bairro pobre do oeste da ampla capital, é considerado há tempos um bastião do partido governista. Durante anos, os bairros das colinas de Caracas foram feudos do falecido presidente Hugo Chávez e de Maduro, seu sucessor escolhido a dedo.
Mas a popularidade do chavismo tem sido erodida pela hiperinflação, pela corrupção e pelo colapso econômico, agravado pelas sanções dos EUA.
Nem por isso a volta da oposição às urnas é garantia de sucesso. Sua liderança continua profundamente fragmentada, alguns grandes partidos continuam céticos a respeito de uma participação e outros menores se recusam a apresentar candidatos, insistindo que a votação não será limpa.
(Reportagem adicional de Anggy Polanco em San Cristóbal)